Heterogeneidade mostrada e dialogia com o já falado/escrito em Memórias da Emília

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Santos, Aline Suelen
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/181919
Resumo: Se é na relação com o outro que nos constituímos como sujeitos, a linguagem, nesse trânsito, assume-se como espaço de “novas” descobertas, inquietações e curiosidades. Assim, interessada pela inscrição do outro no fio discursivo (AUTHIER-REVUZ, 2004, p. 62) e pelas representações sobre o processo de escrita (CORRÊA, 2004), ou seja, interessada pelas discussões sobre a complexidade enunciativa subjacente ao modo de enunciar escrito, é que propus, nesta tese, refletir sobre um fato de linguagem bastante particular à circulação de textos escritos: o de como se mostra representada a relação eu/outro em função do deslocamento do locutor-narrador, em um único e mesmo texto, por práticas orais/faladas e por práticas letradas/escritas. Assumindo a complexidade dessa constituição, parti da hipótese de que esse trânsito do locutor-narrador se mostraria por meio de entrecruzamentos dos papéis de falante, ouvinte, escrevente e leitor detectados na construção da relação eu/outro no material de escrita elencado: o romance Memórias da Emília (1969 [1936]), de Monteiro Lobato. Para isso, essa proposta fundamentou-se, de modo específico, numa visão discursiva do fenômeno de letramento (CORRÊA, 2004). De modo amplo, essa visão tem como base, sobretudo, estudos da Análise Dialógica do Discurso (Bakhtin e o Círculo) e da perspectiva conhecida como das Heterogeneidades Enunciativas (AUTHIERREVUZ, 1998, 2004). Os resultados mostraram jogos enunciativos organizados por um locutor (L), o narrador, que simula relações dialógicas construídas como enunciadas por interlocutores que, ao desempenharem, alternada (e, não raro) simultaneamente, múltiplos e entrecruzados papéis nessas relações, articulam a eles, os de falante e ouvinte (papéis ligados às práticas faladas) e os de escrevente e leitor (papéis ligados às práticas escritas). Esses entrecruzamentos, ao indiciarem “um não fechamento” dos interlocutores em papéis estanques, acabaram por mostrar uma constituição heterogênea da própria escrita, já que tal multiplicidade de papéis evocou diferentes trânsitos e formas de relação entre o falado e o escrito na escrita da narrativa analisada, papéis estes organizados por um jogo complexo de enunciação.