Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Schaal, Luisa Fioravanti [UNESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/11449/217996
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Resumo: |
O tracoma é considerado a primeira causa infecciosa de cegueira, sendo que a presença e persistência da doença estão diretamente relacionadas com condições socioeconômicas e fatores ambientais. É uma doença de notificação compulsória no estado de São Paulo – Brasil; porém, em Jaú, um município localizado no estado não há registros de casos de tracoma há cerca de 10 anos. Em 2006, Bauru apresentava prevalência de 3,8% da doença e Botucatu, no ano de 2013 apresentava prevalência de 3,14%. O município de Jaú é bastante próximo a Bauru e a Botucatu. Considerando isso, a pergunta que fica é se há um controle da doença no município ou se o diagnóstico de tracoma em Jaú não tem sido feito nos últimos anos. A realização de uma busca ativa de tracoma em escolares poderia responder a esta pergunta. Além disso, para a pesquisa de fatores de risco para a doença na comunidade o padrão-ouro é a busca ativa nos domicílios, porém requerem dispêndio de grande energia e recursos. Portanto, o uso de dados oficiais, como os do censo demográfico nacional, talvez pudesse auxiliar na detecção das condições associadas para manutenção da doença. Desde o início do século XX tem-se hipotetizado a associação do tracoma com fatores climáticos e geográficos. Os diversos fatores interagem entre si, portanto, é plausível predizer a distribuição espacial usando associação entre prevalência e variáveis ambientais. Objetivo: Avaliar se a forma inflamatória do tracoma está presente em escolares de 1 a 9 anos no município de Jaú, assim como avaliar se há possíveis bolsões da doença nesse município para permitir estratégias de controle da doença. Verificar se os dados obtidos de fontes oficiais podem ser úteis para identificar possíveis fatores de risco associados a bolsões de tracoma. Além disso, comparar as diferentes taxas de prevalência do tracoma encontradas no Brasil com as variáveis climáticas de cada localidade, para identificar possíveis fatores associados com a doença. Material e métodos: Estudo transversal, randomizado, com amostra estratificada e aleatória, envolvendo escolares de 1 a 9 anos de idade, das creches e escolas municipais do Município de Jaú, no ano de 2018. Exames seguindo os critérios da Organização Mundial de Saúde foram realizados nas escolas. A distribuição dos casos dentro do município foi avaliada por geoprocessamento. Dados recuperados do último Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010) e o mapa de abrangência das escolas municipais foram utilizados para determinar os setores censitários contendo crianças portadoras de tracoma (grupo tracoma), sendo estes comparados a dados dos setores de crianças que não apresentaram a doença (grupo controle). Foram comparadas variáveis socioeconômicas e sanitárias disponíveis no Censo. Dados de prevalência de treze pesquisas para tracoma realizados no Brasil, publicadas a partir de 2010 em diferentes localidades e seus respectivos IDH, densidade populacional e variáveis climáticas foram comparados. Resultados: Foram incluídas 44 escolas, sendo examinadas 4.619 crianças, com detecção de 126 casos de tracoma e prevalência total de 2,65%. A prevalência foi maior nas crianças de 6 a 9 anos (3,01%) que nas crianças de 1 a 5 anos (2,42%). O município apresentou regiões de maior concentração de casos positivos da doença, próximos a três escolas localizadas em bairros de menor condição socioeconômica. O município contém 17 áreas de abrangência escolares, sendo que para cada área de abrangência a média do número de escolas foi de 2,5. A média de moradores por domicílio foi de 3,3, sem diferença estatística entre os setores com casos de tracoma e os sem casos. Das variáveis do censo analisadas, apenas o número de domicílios próprios e quitados se correlacionou com a presença de casos de tracoma. Treze estudos foram selecionados para análise dos fatores climáticos, com 27 localidades diferentes e coleta de dados entre 2000 a 2019. No total 42.944 crianças foram examinadas, com média de 1590 crianças em cada município e prevalência variando de 0 a 54,3%, com média 6,2%. 50% dos municípios apresentam IDH acima de 0,67, considerado como médio. A temperatura média foi de 24,6oC com pouca variabilidade. Houve grande variabilidade da precipitação anual e nos meses mais secos e mais chuvosos. No modelo de regressão linear múltipla observou-se apenas que a prevalência de tracoma diminuiu significativamente para amostras mais recentes. Conclusão: A prevalência de tracoma inflamatório em crianças de 1 a 9 anos no município de Jau foi de 2,65% e os casos positivos estavam localizados em áreas de menores condições socioeconômicas. O uso dos dados do censo demográfico não é útil para identificar possíveis fatores de risco associados aos bolsões de tracoma no município de Jaú. A análise de fatores climáticos associados à doença no Brasil não é a melhor estratégia para a programação de ações de combate à doença em nosso país. Porém, a prevalência do tracoma sofre influência de diversos fatores associados. |