Os significados de justiça ambiental nas pesquisas em educação ambiental: uma análise a partir de teses e dissertações brasileiras

• Ano de defesa: 2017
• Autor(a) principal: Angeli, Thaís [UNESP]
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
• Palavras-chave em Português: Educação ambiental; Justiça ambiental; Pesquisa; Environmental education; Environmental justice; Research
• Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/152520

O presente trabalho, que se insere no âmbito do Projeto Educação Ambiental no Brasil: análise da produção acadêmica - teses e dissertações (Projeto EArte), tem como objetivos de investigação: 1) caracterizar o contexto de produção das teses e dissertações de educação ambiental (EA) que problematizam o conceito de justiça ambiental, concluídas no Brasil no período de 1981 a 2014 e catalogadas no Banco de Teses e Dissertações do Projeto EArte e 2) explorar possíveis significados e sentidos sobre as relações entre educação ambiental e justiça ambiental, passíveis de serem construídos a partir de diálogos com esses textos. Trata-se de uma pesquisa documental, do tipo "estado da arte", que apresenta caráter qualitativo e é orientada pela abordagem histórico-cultural, compreendendo o ato da pesquisa como uma relação dialógica entre sujeitos, possibilitada pela linguagem. O corpus documental da investigação é constituído por 23 teses e dissertações de EA nas quais questões relativas à justiça ambiental são problematizadas. Em relação ao contexto de produção dessas pesquisas, observamos que o primeiro trabalho de EA que problematiza o conceito de justiça ambiental foi publicado no ano de 2004 e que, a partir dessa data, a distribuição temporal dos trabalhos se manteve relativamente estável, com um máximo de quatro trabalhos publicados em 2011. Também é possível perceber que as regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste destacam-se na produção acadêmica em EA que estabelece relações com a justiça ambiental. Quanto aos programas de pós-graduação aos quais os trabalhos analisados estavam vinculados, a maioria pertence à área de Ciências Humanas, particularmente da Educação. Além disso, o Grupo Pesquisador em Educação Ambiental, Comunicação e Arte, coordenado pela pesquisadora Michèle Sato, da Universidade Federal de Mato Grosso, foi responsável pela produção de várias teses e dissertações analisadas, o que possivelmente está relacionado com o foco do referido grupo de pesquisa. Quanto aos contextos educacionais privilegiados nas pesquisas, foi possível observar que praticamente não houve diferença entre o número de trabalhos desenvolvidos em contexto escolar e o número de trabalhos desenvolvidos em contexto não escolar. Foi possível perceber, ainda, algumas aparentes tendências nos objetivos e intenções dos pesquisadores e pesquisadoras em EA ao trabalharem com questões relativas à justiça ambiental, quais sejam: a busca por uma formação voltada à transformação social e justiça ambiental, a abordagem do conceito de justiça ambiental através da tematização dos conflitos socioambientais e a preocupação com a construção e o desenvolvimento de práticas contextualizadas à realidade socioambiental local, de maneira a contribuir com transformações socioambientais para as comunidades envolvidas e com a constituição de sujeitos que busquem a justiça socioambiental. Em relação à tentativa de explorar possíveis significados relacionados ao conceito de justiça ambiental nas teses e dissertações de EA, utilizamos a metodologia dos núcleos de significação, a partir da qual sistematizamos quatro núcleos, assim propostos: Relações de causas e efeitos das injustiças ambientais, Relação entre justiça ambiental e preservação ambiental, Relação entre justiça ambiental e processos de transformação social e Estratégias de construção de justiça ambiental. A partir dessa análise, exploramos sentidos sobre as relações entre EA e justiça ambiental, apontando para possibilidades e limitações do processo educativo na construção da justiça ambiental.