Net-ativismo no combate à violência de gênero: antigordofobia e o fenômeno das influenciadoras digitais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Silva, Aline Lisboa da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/242875
Resumo: A presente tese se propõe a identificar e examinar elementos que permitem caracterizar e compreender como práticas net-ativistas suscitam formas de enfrentamento à violência de gênero no Brasil, em especial relacionado à antigordofobia, a partir da produção de conteúdo de influenciadoras digitais no Youtube. Observamos ainda como novas políticas representativas de mulheres vêm sendo construídas na contemporaneidade. Deste modo, diante de um cenário caótico, que apresenta mundialmente o Brasil como o quinto país mais violento para mulheres, procuramos refletir acerca dessa situação através de uma análise crítica amparada, majoritariamente, em autoras latino-americanas. Neste sentido, utilizamos a abordagem do feminismo decolonial e incorporamos também a teoria interseccional, com base em Kimberlè Crenshaw, contemplando assim uma ótica da diversidade acerca dos sujeitos mulheres na contemporaneidade. Evidenciamos o processo histórico do movimento feminista, suas transformações, conquistas e mecanismos de enfrentamento à violência de gênero, de acordo com as demandas de cada grupo específico. Na ocasião, destacamos o enfoque pós-estruturalista, baseado em Judith Butler, e os feminismos da diferença, em Heloísa Buarque de Hollanda, a fim de interligar tais questões teóricas envolvidas à última etapa de nossa pesquisa. No terceiro capítulo utilizamos como corpus de análise seis canais do Youtube protagonizados por mulheres gordas – Alexandrismos; Tá, querida; Nunca te pedi nada; Cinderela de mentira; Ju Romano; Bárbara Cavalcante - que se caracterizam, em maior ou menor grau, como ativistas da causa gorda. No que concerne à proposta metodológica, desenvolvemos uma investigação de cunho teórico, com uma pesquisa bibliográfica fundamentada em autoras e autores diversos, de livros a artigos científicos, de dados numéricos às postagens de portais e sites, com o intuito de construir os dois primeiros capítulos de nossa tese. Para tanto, em relação ao último capítulo, acionamos o uso do método de análise das imagens em movimento (ROSE, 2003), examinando informações verbais e visuais presentes nos vídeos e, posteriormente, codificando-as e as convertendo em resultados preliminares. Em seguida aplicamos o método hermenêutico proposto por Gadamer (2012), que apresenta em seu processo interpretativo a intencionalidade, percepção e compreensão como fases desempenhadas, interpretando assim que o fenômeno das influenciadoras digitais apresenta camadas complexas em sua produção de sentidos e ora pode ser percebida como prática net-ativista de alto impacto e alcance, ora como modelo de negócio próprio do ambiente digital, utilizando a subjetividade como mercadoria. Deste modo, nossos resultados conferem que o fenômeno das influenciadoras digitais em uma instância do ativismo gordo em canais do Youtube não se mostra finalizado em si. É algo dinâmico, processual e que se transforma de acordo com as configurações de tempo e espaço. Isso tudo por estar ambientado em um cenário tecnológico de ordem imprevisível e acelerado, como é a internet, demonstrando que neste primeiro momento, as considerações por nós aqui feitas, de acordo com a análise gadameriana, é de que os canais funcionam como espaços ativistas algumas vezes, mas não de modo constante, apesar de algumas influenciadoras serem lembradas pela causa gorda.