Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Oliveira, Gislei Martins de Souza |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/11449/152969
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Resumo: |
O trabalho propõe o estudo da coletânea de narrativas intitulada Inferno Provisório, de Luiz Ruffato, com o objetivo de investigar o modo pelo qual as personagens encenam a coexistência de temporalidades dissonantes entre si em um presente repleto de contradições socioculturais. A série ruffatiana é composta de cinco obras, que se apresentam da seguinte forma: Mamma, son tanto felice (2005a), O mundo inimigo (2005b), Vista parcial da noite (2011a), O livro das impossibilidades (2008) e Domingos sem Deus (2011b). Em vez de seguir a ordem cronológica ficcional, a abordagem considera que Inferno Provisório interpenetra o tempo em três sentidos distintos: na subjetivação das personagens, na estrutura narrativa e, ainda, em alegorias temporais que sugerem a transição das personagens entre as obras, cujo processo é denominado como efeito de hiperlink. A circulação das personagens ocorre também a partir do movimento de (i)migração, que tem início na Itália em direção à região da Zona da Mata, em Minas Gerais, e se estende aos demais Estados brasileiros, principalmente às grandes metrópoles do País. O percurso feito pelas personagens, na tentativa de garantir a subsistência, culmina na produção de uma imagem infernal da cidade de São Paulo, tendo em vista o inevitável afastamento e negação da origem. Para esse enfoque, fundamenta-se na premissa de Santo Agostinho, revisitada por autores como Frederic Jameson (1985), Gilles Deleuze (2003), Paul Ricoeur (1994; 2012; 1997), dentre outros, de que o tempo seria uma distensão da subjetividade capaz, portanto, de engendrar a arte da narração. Além disso, Zygmunt Bauman (1999) relaciona alguns fatores que contribuíram para o aumento da mobilidade no mundo contemporâneo, a saber: a internacionalização do capital, o aumento no circuito informacional e, acima de tudo, o acesso aos bens de consumo. Com a abolição das fronteiras territoriais, o homem se torna cada vez mais propenso à construção de novos significados e, consequentemente, ao fluxo temporal da subjetividade. Busca-se, assim, atualizar os conhecimentos produzidos sobre a materialização do tempo nas narrativas de Luiz Ruffato, as quais estão circunscritas, por uma grande parcela da crítica, ao viés de pesquisa dos espaços urbanos. Com isso, é ratificada a tese de que Inferno Provisório retoma o passado na tentativa de configurar a condição do homem contemporâneo, que está sempre submetido à revelia das transformações temporais. |