Estudo ex vivo e in vitro da modulação da imunidade inata e adaptativa por queratinócitos displásicos em leucoplasia oral e leucoplasia verrucosa proliferativa

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Fernandes, Darcy [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/192432
Resumo: O carcinoma espinocelular (CEC) representa mais de 95% de todas as neoplasias malignas que acometem a cavidade oral e muitas vezes estes tumores são precedidos por alterações clínicas que apresentam um evidente potencial de transformação maligna, as quais são chamadas de desordens potencialmente malignas orais (DPMOs). Dentre estas, a leucoplasia oral (LO) possui taxa de transformação maligna que varia de 0,2% até 17,5%; contudo, uma outra DPMO conhecida como leucoplasia verrucosa proliferativa (LVP) apresenta um comportamento persistente e progressivo para malignidade, com taxa de transformação maligna maior que 70%. Diferente da LO, fator de risco como tabaco, álcool e noz de areca não parecem estar associados com o desenvolvimento da LVP. Adicionalmente, a LVP frequentemente apresenta resposta inadequada a todas as modalidades de tratamento, sofre rápida disseminação pelos sítios orais e muitas vezes demonstra recorrência. Estudos recentes sugerem que o infiltrado inflamatório associado às lesões leucoplásicas de paciente com LVP pode estar relacionado a etiologia e/ou comportamento clínico agressivo desta DPMO. Assim, foi realizada uma análise comparativa entre amostras de LO e LVP que consistiu em: (1) avaliar a porcentagem e identificar os subtipos de linfócitos T auxiliares e estado de ativação de linfócitos T citotóxicos, (2) avaliar a densidade e estado de ativação das células dendríticas, e (3) determinar o efeito de produtos solúveis de células displásicas na modulação da imunidade inata e/ou adaptativa e se tal modulação confere uma vantagem para a progressão do tumor. Para alcançar estes objetivos, a expressão imuno-histoquímica de marcadores linfócitos T e B, para células dendríticas (CD) de Langerhans, CD submucosas imaturas e maturas, CD plasmocitóides, foram utilizados. Adicionalmente, ensaios com cultura de células foram realizados para acessar o potencial modelador de fatores solúveis produzidos por culturas celulares derivadas de PVL sobre células mononucleares do sangue periférico (PBMCs). Estes ensaios incluíram a avaliação das taxas de apoptose e imunofenotipagem dos PBMCs após contato com meios de cultura condicionados de diferentes culturas celulares, incluindo queratinócitos normais (HOK), displásicos (DOK e DOK-PVL) e tumorais (SCC-25). Os resultados da análise imuno-histoquímica mostraram uma redução global de células T e B acompanhada de uma inibição da ativação de células Th17 e consequente indução de uma resposta imune mediada por células Treg na LVP, parece favorecer o comportamento mais agressivo desta DPMO em relação a LO. Adicionalmente, CD de Langerhans, maturas e plasmocitóides estão reduzidas nos compartimentos epitelial e subepiteliais na LO e LVP em relação ao controle. Por outro lado, CD imaturas encontram-se aumentadas nos compartimentos epitelial e subepiteliais destas duas DPMOs. Juntos, estes achados favorecem uma apresentação inadequada dos antígenos pré-tumorais facilitando a tolerância imunológica. Os experimentos com cultura de células revelaram ainda, que os produtos solúveis de queratinócitos displásicos tem capacidade de alterar o fenótipo dos PBMCs favorecendo a transformação maligna de DPMOs. Assim, os resultados deste estudo indicam que os produtos solúveis dos queratinócitos derivados de LVP são capazes de modular de forma distinta a resposta imunológica desta DPMO em relação à LO, sendo esta modulação acompanhada do ganho de vantagens que favorecem o processo de tumorigênese.