Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Lemos, Gabriel Francisco [UNESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
|
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: |
|
Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/11449/157184
|
Resumo: |
Na segunda metade do Século XX, em especial nas décadas de 1960 e 1970, artistas e intelectuais discutiram calorosamente acerca da relação entre a atuação poética (criativa) do artista e sua influência no campo político e ideológico social. Nesse contexto, o compositor inglês Cornelius Cardew (1936 - 1981) se destacou por desenvolver um trabalho composicional e teórico contundente, crítico e autocrítico sobre a vanguarda musical e sua dimensão ideológica. Transitou entre duas das mais influentes orientações estéticas da segunda metade do Século XX, a música de vanguarda e a música politicamente engajada, ambas fundamentais na construção de chaves de leitura acerca da relação entre o compositor e a sociedade ocidental capitalista. Cardew se dedicou no decorrer de toda a década de 1960 na criação e divulgação de obras diretamente influenciadas pela escola americana experimental. Compôs obras que trabalhavam com a aleatoriedade, a improvisação (The Great Learning, Schooltime Compositions, etc.) e a notação gráfica, dentre essas, Treatise (1963-7) se destaca. Em 1969, ainda ligado às diretrizes aleatórias e ritualísticas da escola americana, o compositor fundou a orquestra experimental Scratch Orchestra (1969-74). Não obstante, influenciado pelo trabalho de pesquisa feito em conjunto com a orquestra (haja a existência de um núcleo de estudos teóricos chamado de Ideological Group), nos anos seguintes ao encerramento das atividades do grupo, Cardew se engajou na utilização da música como ferramenta na conscientização da luta de classes. Orientado pela linha de pensamento Marxista-Leninista, sua produção teórica e musical dos anos 1970 é marcada por um forte engajamento revolucionário, culminando na publicação do livro Stockhausen Serves Imperialism and other articles (1974). Em seus últimos anos de vida, o compositor volta a utilizar a notação tradicional e compõe peças para piano, canções e música coral que, se comparadas à sua produção anterior, configuram-se como outra linguagem musical, operando sob uma chave de leitura híbrida e diametralmente oposta à vanguarda experimental. Marcadas por alusões e citações diretas ao repertório musical revolucionário, erudito e popular, as peças para piano dos anos 1970 indicam uma preocupação com a inteligibilidade do discurso musical e almejam uma clareza semântica que se consubstancia junto do ímpeto político do autor. Nesse sentido, o projeto proposto parte da necessidade de melhor compreender e refletir sobre a produção de Cornelius Cardew como um compositor que personificou contradições radicais na prática musical, na atuação profissional e política de seu tempo. O interesse na pesquisa e no levantamento de dados acerca dessas duas fases de Cardew reside em sua drástica mudança de orientação ideológica – porém, logicamente compreensíveis a partir dos encaminhamentos de sua atuação. Como fundamentação teórica este estudo utiliza-se de uma bibliografia que compreende algumas fontes distintas de análise do objeto em questão. Por sua vez, agrupados em quatro vias teóricas distintas; textos de autoria do próprio compositor, a aplicação desse corpo teórico na análise da música de Cardew, a ideologia marxista aplicada às artes (em especial à música erudita) e, finalmente um conjunto de autores que também abordam a relação entre linguagem e música no Século XX. |