Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Ezarqui, Carla Alexandra [UNESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/11449/183085
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Resumo: |
Este trabalho de pesquisa tem por objetivo analisar o romance Thérèse Desqueyroux (1927), de François Mauriac (1885-1970), com base nos traços essenciais da arte expressionista, dada a atmosfera que se manifesta na obra em função de sua temática, o emprego de determinados aspectos formais e a maneira pela qual a heroína é constituída. Para tanto, esta pesquisa se fundamenta em um levantamento teórico sobre a evolução do romance do século XX, sobre o surgimento do Expressionismo, bem como sobre a prosa vinculada a esse movimento. De modo geral, Thérèse Desqueyroux se revela a metáfora de um grito abafado pela protagonista cujo senso de inquietação a coloca em um confronto constante com a realidade. Tomada por uma grande incerteza quanto aos seus sentimentos e desejos, a personagem se perde em contradições profundas que culminam no desespero e em atitudes extremas, como o envenenamento de Bernard, seu marido. Ademais, o romance narrado com focalização interna sobre a heroína é permeado por uma perspectiva deformante que evidencia uma tendência em dar concretude aos estados de alma a partir da apreensão da paisagem, desvelando, assim, a subjetividade de Thérèse. A linguagem, por sua vez, releva a expressão metafórica, fragmentando-se tanto pela transposição dos pensamentos desta personagem quanto pelos deslocamentos entre o passado e o presente decorrentes da narração de episódios substanciais de sua vida. Sendo assim, a análise propõe estabelecer um diálogo entre o romance e a arte expressionista a fim de apurar, em um primeiro momento, em que medida a deformação da realidade exterior centraliza elementos da interioridade da protagonista, considerando o fraturamento de sua consciência, sua angústia incessante e a falta de clareza sobre si mesma. Em seguida, nos propomos a averiguar de que modo o narrador se posiciona perante as personagens e, sobretudo, perante a heroína, com o intuito de verificar em que proporções a análise psicológica e a causalidade se fazem presentes na narrativa e como repercutem na fragmentação da linguagem e na ambiguidade de Thérèse, haja vista sua necessidade de compreender e elucidar os motivos que a levaram à consumação de seu ato. Em um terceiro momento, demonstraremos a maneira pela qual a constituição da personagem se aproxima de uma figuração do espírito e das ideias do Expressionismo para, enfim, constatar em que medida a deformação e a fragmentação se fundem a uma “volonté de vérité”, determinando a sua (in)coerência, visto articular a arte expressionista à escrita romanesca mauriaquiana. Embora o Expressionismo tenha se afirmado pela indeterminação em decorrência de sua contradição e complexidade, este entrave não nos impede de refletir sobre a forma como seus principais traços estéticos se consolidam, enquanto meio de expressão, no romance de Mauriac, um escritor não ligado ao movimento. |