Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Agostini, Gabriela |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/11449/181000
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Resumo: |
A baixa atratividade da profissão docente no Brasil se reflete em baixa procura pelas licenciaturas, alta taxa de evasão nesses cursos, pouco encaminhamento dos egressos à docência e abandono do magistério, o que provoca um quadro nacional de carência de professores na educação básica, sobretudo na área de ciências da natureza. Em específico, o licenciado em química podendo atuar em áreas como a indústria e a pesquisa tende a não optar pela docência ou abandona-la diante das dificuldades da prática e outras oportunidades. Entendendo a escolha profissional como um processo complexo, condicionado por inúmeros elementos de ordem econômica, política, educacional, social e pessoal, buscou-se compreender como operam condicionantes sociais na trajetória de licenciados em química levando-os a escolher a docência como profissão. Pautamo-nos na perspectiva teórica de Pierre Bourdieu, pois considera-se que o pertencimento de classe de licenciandos e professores, determinado por um patrimônio de capitais e um habitus próprio, delimita investimentos escolares, estratégias, aspirações e escolhas profissionais possíveis. São realizadas análises em três níveis diferentes e complementares: estrutural (macro), institucional (meso) e individual (micro). Na primeira, com base em pesquisas nacionais, analisou-se componentes macrossociológicos, como o perfil socioeconômico do professor brasileiro. Constatou-se que o gênero e a origem social condicionam a escolha pela docência, visto que, essa é uma profissão composta majoritariamente por mulheres, com baixo capital cultural, oriundas de famílias de classe média baixa e que buscam por estabilidade, empregabilidade e ascensão social. Os outros dois níveis de análise compreendem alunos e ex-alunos de um curso de licenciatura em química em um determinado Instituto de Química (IQ). A nível meso investigou-se o contexto formativo da instituição, por meio de questionários. O perfil socioeconômico dos ingressantes indicou que, no geral, são indivíduos com baixo capital cultural e econômico, pouco privilegiados socioeconomicamente e pertencentes às classes sociais dominadas, como a classe operária e popular. O encaminhamento profissional mostrou a pós-graduação como o caminho que mais atrai os egressos desse curso e a docência como uma segunda opção. Outras possibilidades profissionais condicionam a (não) escolha pelo magistério, haja vista que, parte dos licenciados analisados atuou como professor, mas desistiu ao encontrar melhores salários em outras profissões. Para a última análise (micro), através de entrevistas e retratos sociológicos, investigou-se os elementos que condicionam as escolhas profissionais de quatro egressas do IQ, que atuam como docentes, a partir de suas trajetórias socioprofissionais. Constatou-se que ao longo de suas formações, essas docentes investiram (tempo, dedicação e recursos) fortemente na escola, ingressando na licenciatura em química pela baixa concorrência e ampla possibilidade profissional. No IQ desenvolveram apetência pelo ensino e interesse pela pesquisa. Na atuação profissional, exploraram diversas experiências em busca de estabilidade, garantias financeiras e condições de trabalho adequadas. A busca por capital econômico e pela ascensão é marcante para essas docentes que tiveram uma trajetória social ascendente em relação à família de origem. Associam suas motivações para manter-se na profissão a aspectos afetivos, elemento associado à feminização e precarização do magistério. Conclui-se que a origem social, o gênero, a formação inicial e as experiências profissionais condicionam a escolha de licenciados em química pela profissão docente. Sendo essa uma profissão com baixo retorno material e simbólico, se configura como um caminho possível e acessível aos membros da classe popular e média baixa, desestimula quem busca por uma carreira promissora e atrai aqueles que precisam de segurança e garantias de emprego e renda. |