O Acre é do Amazonas? Um estudo sobre polêmica discursiva

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Carneiro, Eduardo de Araújo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/191281
Resumo: Essa tese tem por tema a polêmica discursiva que girou em torno do suposto pertencimento do Acre ao Estado do Amazonas. De um lado, o discurso da amazonensidade do Acre que defende o pertencimento imemorial do território do Acre ao Brasil e o direito do Amazonas sobre o território por meio do usucapião. Do outro lado, o discurso da não amazonensidade do Acre, que advoga que o Acre era estrangeiro e que foi nacionalizado pelo Brasil com Tratado de Petrópolis (1903). O objetivo da tese é compreender o processo de produção de simulacros decorrentes da interação polêmica entre os discursos da amazonensidade do Acre e o da antiamazonensidade do Acre materializados na obra O Direito do Amazonas ao Acre Setentrional (1910). Para isso, emprego a teoria da semântica global vinculada à análise do discurso desenvolvida pelo linguista francês Dominique Maingueneau. A produção dos simulacros foi estudada a partir do plano argumentativo, que foi escolhido por melhor evidenciar o caráter polêmico dos discursos analisados, o que não desabona os resultados obtidos, uma vez que a semântica é global justamente por atravessar todos os planos de um discurso indistintamente e de forma não hierarquizada. Isso implica que as regras do sistema de restrição que gerencia o funcionamento do discurso pode ser observada a partir de qualquer plano. O caráter polêmico da interação está baseado no fato de que ambos reivindicam para si o monopólio do dizer legítimo, excluindo-se mutuamente. Essa situação gera uma interincompreensão regrada que faz da interpretação do outro uma tradução dele em forma de simulacro. Para o estudo, escolhi como corpus preferencial a obra O Direito do Amazonas ao Acre Setentrional de Rui Barbosa. Ela reúne inúmeros documentos, arrazoados jurídicos, artigos e consultas de ambos dos dois discursos. A obra mobiliza diversas tipologias textuais (diplomáticas, historiográficas, geográficas, políticas, sociológicas, etc.). Após apresentar a conjuntura histórica em que os dois discursos analisados emergiram, faço uma breve apresentação deles em capítulos separados. Depois, por meio da função de tradução exposta por Maingueneau (2005), analiso o processo de interincompreensão entre os dois discursos concorrentes e a geração de simulacros entre eles. A tese é inovadora nos estudos da linguagem por conseguir exitosamente construir a grade semântica do sistema de restrição que governa um dado espaço discursivo através da análise do plano argumentativo de dois discursos em relação polêmica, identificando os principais semas positivos deles.