Sol & Aurora: sobre algumas agudezas na poesia sacra de Botelho de Oliveira e de seu tempo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Furtado, Daniel de Assis [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/237212
Resumo: Pretende esta investigação observar alguns procedimentos versificatórios e algumas preferências tópicas ordinariamente reconhecidos como característicos da poesia de agudeza a partir da leitura do que chamamos “Tríptico do Nascimento da Senhora”, da Lyra Sacra (ms. 1703) de Manuel Botelho de Oliveira (1636-1711), em cotejo tanto com alguns poetas seus contemporâneos quanto com sua própria lírica profana. Consultamos, além da obra poética de Botelho reunida na Lyra Sacra e na Música do Parnaso (1705), a poesia sacra: a) das obras dos castelhanos Juan de Jáuregui (Rimas, 1618), Luis de Góngora y Argote (Todas las obras, 1654), Lope de Vega Carpio (Rimas sacras, 1658) e Francisco de Quevedo Villegas (Las tres ultimas musas castellanas, 1671); b) das obras dos portugueses D. Francisco de Portugal (Divinos e humanos versos, 1652), André Nunes da Silva (Poesias varias, 1671) e Sór. Violante do Céu (Parnaso Lusitano, 1733); e dos poetas Sór. Violante do Céu e D. Tomás de Noronha reunidas na Fênix renascida (org. Matias Pereira da Silva, ed. 1746), do Pe. Antônio de Barros e doutros anônimos reunidas no Postilhão de Apolo (org. José Ângelo de Morais, ed. 1761-1762), de Antônio Barbosa Bacelar e de Jerônimo Baía reunidas em ambos esses cancioneiros; e c) dos luso-brasileiros, os irmãos Pe. Eusébio e Gregório de Matos, reunidas no Códice Asensio-Cunha (ed. João Adolfo Hansen e Marcello Moreira, 2013). Observa-se aqui o aproveitamento que fazem esses poetas tanto das narrativas cristãs, sejam estas canônicas (verificadas na Bíblia de Jerusalém e na Vulgata Clementina) ou apócrifas (com o apoio do trabalho de Antonio Piñero, O outro Jesus segundo os evangelhos apócrifos) — as narrativas da tradição hagiográfica, inclusive (com o apoio da Legenda Aurea (século XIII), de Jacopo de Varazze) — quanto da mitologia greco-latina e sua convivência retroalimentada. Observa-se também a ampliação operada nas particulares exegeses dessas narrativas (com o apoio da Catholic Encyclopedia (ed. Charles Herberman et al., 1914) e do Dictionary of Greek and Roman Biography and Mythology (ed. William Smith, 1849), contrastadas com os sermões do Pe. Vieira (“Sermão XIV”, 1633; “Sermão de Nossa Senhora do Ó”, 1640; e “Sermão da Primeira Oitava da Páscoa”, 1656) e com o exame das Epístolas de São Paulo (especialmente aos Romanos e aos Coríntios). Atenta-se, por um lado, às orientações dos preceptistas Emanuele Tesauro (Il Cannocchiale Aristotelico, 1670), Baltasar Gracián (Agudeza y arte de ingenio, 1648) e Francisco Leitão Ferreira (Nova arte de conceitos, 1718-1721); e, por outro lado, para os dogmas, em especial os da Imaculada Conceição e da Maternidade Divina, e os Mistérios do Santo Rosário. O estudo de diferentes lugares comuns, ao mesmo tempo acolhidos que irradiados pelo que chamamos “Tríptico do Nascimento da Senhora”, permitiu uma apreciação mais apurada duma agudeza em específico — a que traça a correspondência simbólica entre Jesus e o sol e entre Maria e a aurora. Apoiaram esta investigação também: o Vocabulário português e latino (1712), do Pe. Raphael Bluteau (1638-1734), para a elucidação do léxico; a Bibliotheca lusitana (1741), de Diogo Barbosa Machado (1682-1772), para a notícia biobibliográfica dos poetas; os dicionários de símbolos realizados por Jean Chevalier e Alain Gheerbrant e por Juan-Eduardo Cirlot; os Elementos de retórica literária, de Heinrich Lausberg, para a descrição dos procedimentos estilísticos; e diferentes fontes, indicadas conforme a necessidade, para a descrição dos procedimentos versificatórios.