Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2016 |
Autor(a) principal: |
Mendoza, Luís Gabriel Menten [UNESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/11449/144701
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Resumo: |
Este estudo tem por objeto a Bolívia, um dos países mais pobres da América do Sul, cujo terreno, devido às características geológicas, o fez dotado de uma elevada quantidade de recursos naturais. Mas a história de dominação o tornou um país de desenvolvimento retardatário, dependente dos investimentos externos, que, por mais que modifiquem o país a cada ciclo de matéria-prima (guano, borracha, estanho), proporcionam não muito mais que esperança de dias melhores. A partir disso, o objetivo principal deste trabalho foi refletir sobre as mudanças recentes que ocorreram no território boliviano à luz da teoria do Desenvolvimento Geográfico Desigual, estruturada pelo geógrafo britânico David Harvey. O processo aclamado como “processo de cambio” foi resultado das lutas populares por um projeto nacional em contraposição aos interesses do capital imperialista. É relevante, portanto, as grandes mobilizações que levaram Evo Morales ao poder (Guerra da Água e Guerra do Gás), prosseguindo com o começado pelos trabalhadores bolivianos do passado. Assim como as mudanças operadas posteriormente, sobretudo a nacionalização dos hidrocarbonetos, só foi possível pelo desenvolvimento auferido no período anterior. A escolha da teoria do desenvolvimento geográfico desigual deu-se em função deste potencial que ela proporciona para a compreensão da inserção dos espaços “atrasados”, como a Bolívia, no sistema capitalista internacional e decorrentes desdobramentos no interior do território, num processo contraditório, ao mesmo tempo destrutivo e em alguma medida progressista. Entre as categorias que Harvey proporciona está a ideia de acumulação por despossessão, a produzir ordenações espaço-temporais que criam uma configuração do território sobremaneira determinada pela lógica do capital em escala mundial, em profunda conexão com os Estados periféricos (e centrais), em processos nos quais o poder financeiro gera e alimenta o nexo Estados-Finanças. O enfoque de Harvey é também produtivo ao considerar a luta de classes em sua teoria de desenvolvimento, que, no caso efetivo da Bolívia, impõem um programa de nação a partir da lógica territorial emancipatória. Ao fim, essa pesquisa aborda o processo de desenvolvimento social na Bolívia baseado na distribuição dos recursos obtidos pela mudança da legislação dos hidrocarbonetos e na promulgação da Nova Constituição Política do Estado. Considerando as medidas do governo masista são de um processo de industrialização lento e que pouco representou até 2010 em termos de trabalho e emprego, gargalo fundamental para a modernização dos países retardatários. E em conclusão considera que o estudo de caso da Bolívia, a partir da teoria do Desenvolvimento Geográfico Desigual, permite apresentar a trama estabelecida pela lógica do capital, que utiliza de todos os meios legais e ilegais (law-like) para obter as melhores taxas de retorno, em detrimento das constituições e da democracia, como demonstrou a geografia histórica da Bolívia. A organização da luta dos trabalhadores foi essencial para mudar essa rotina de espoliação e dar a possibilidade de desenvolvimento, que ficou limitada, entretanto, pela disposição do MAS e de Morales em ir até o fim na aplicação da Agenda de Outubro. |