Esfera pública midiatizada, ativismo migrante e anti-imigração: representações sociais e disputas identitárias em Portugal

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Zanetti, Lucas Arantes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11449/254965
Resumo: Nos últimos anos, o considerável aumento do fluxo de imigrantes tem sido um catalisador de transformações profundas na sociedade portuguesa. Essas mudanças evidenciam tensionamentos étnicos, culturais e políticos que ocorrem em ambientes midiáticos. Em sociedades midiatizadas, a esfera pública é moldada por interações e debates mediados pelas plataformas digitais, as quais influenciam a construção de representações e imaginários sobre fenômenos complexos, como a imigração. Diante desse contexto, esta tese concentra-se nas dinâmicas do ativismo migrante e anti-imigração em Portugal, com foco na presença de brasileiros no país. Esse ativismo engloba organizações compostas por migrantes, bem como sujeitos e ativistas anti-imigração, gerando tensões e disputas identitárias na esfera pública. O objetivo principal da tese é compreender os contextos, dinâmicas, processos e repertórios de ação que permeiam as disputas identitárias relacionadas à questão migratória na esfera pública portuguesa. A metodologia adotada é a etnografia multissituada, envolvendo tanto a interação presencial quanto virtual, além da realização de entrevistas em profundidade com grupos de ativistas migrantes, como a Casa do Brasil de Lisboa, Diáspora Sem Fronteiras, Coletivo Andorinha e Brasileiras Não se Calam, e também com grupos ativistas anti-imigração, como a Juventude do partido Chega e ativistas independentes. A análise dos resultados foi conduzida à luz da teoria das representações sociais, mobilizando os dados coletados durante o percurso etnográfico. Os resultados indicam uma transformação na esfera pública portuguesa em relação à imigração nos últimos anos, caracterizada pelo aumento do discurso anti-imigração, da polarização e da radicalização do repertório de ação dos ativistas contrários à presença do imigrante. Apesar disso, não foram identificados grupos organizados de movimentos sociais anti-imigração no país. Além disso, há um contraste entre os ativismos: enquanto o ativismo migrante tem forte atuação presencial e impacto social na sociedade portuguesa devido à sua tradição e trabalho histórico, o ativismo anti-imigração encontra sua principal força nas plataformas digitais, ganhando maior visibilidade e aproveitando-se da lógica de engajamento dessas plataformas. A partir do estudo realizado, propõe-se a tese de que a esfera pública midiatizada em Portugal está permeada por dinâmicas midiáticas de disputas identitárias, fundamentadas em representações sociais polarizadas sobre o imigrante, a imigração, os nacionais e a nação portuguesa, que estruturam e alimentam os ativismos migrantes e anti-imigração nas plataformas digitais. A questão da imigração já ocupa um papel de destaque no debate político português, especialmente catalisado pelo sucesso de partidos de extrema-direita como o Chega, que incluem o discurso anti-imigração como um de seus componentes discursivos.