Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Piero, Alekssey Marcos Oliveira di [UNESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/11449/190763
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Resumo: |
A confecção desta tese originou-se em questionamentos levantados ao redor de uma nova perspectiva educacional assumida pela Organização das Nações Unidas para a Educação e a Ciência (UNESCO) a partir do ano 2012. Trata-se da Educação para a Cidadania Global (ECG), abordagem consonante com a Declaração Universal dos Direitos Humanos construída a partir de pesquisas e discussões empreendidas por educadores de todo o mundo e que chama a atenção por carregar o desafio de alargar a concepção de cidadania à escala global por via da educação. Apesar da ECG surgir associada à evocação dos sentimentos de pertencimento e responsabilidade à Terra e à humanidade, percebe-se os riscos da submissão algo previsível da nova perspectiva ao escopo da educação na modernidade que – sob influência colonialista e iluminista – produziu historicamente a universalização da civilização Ocidental. Para encaminhar o problema, construiu-se a investigação em torno da seguinte pergunta: há algum potencial emancipatório na Educação para a Cidadania Global e, caso haja, como pode ser melhor aproveitado? A análise mais detida da questão despertou para a hipótese da presença de um potencial genuíno para a emancipação no cerne do conteúdo proposto por essa nova abordagem, emerso das particularidades do atual momento histórico de transição civilizacional. Contra a ortodoxia dominante, optou-se demonstrar a tese por via da construção de um ensaio teórico balizado pela forma ensaística segundo as descrições de Theodor Adorno e Max Bense. A fim de torná-la mais clara e exequível, dividiu-se a redação em duas partes, que objetivam responder adequadamente aos dois momentos da pergunta central. A primeira parte procura demonstrar como a ECG pode inscrever-se em um projeto de transição civilizacional, configurando-se como uma proposta emancipatória para o século XXI. Para isto, valemo-nos principalmente das reflexões de Jürgen Habermas, que explicita a condição paradoxal da modernidade; do raciocínio de Boaventura de Sousa Santos que – por via das Epistemologias do Sul – aborda as desigualdades abissais entre o Norte e o Sul globais; e da obra de Paul Raskin, que lança luz sobre o significado da Grande Transição e sugere a construção de um Movimento pela Cidadania Global (MCG). À essa altura, conclui-se que à ECG cabe a tarefa da construção de um MCG inspirado pelas Epistemologias do Sul. A segunda parte do ensaio busca oferecer um aporte à Educação para a Cidadania Global, tecendo considerações sobre a importância da educação sexual em um projeto de transição contra- hegemônico. Defende-se o potencial libertador da educação sexual no enfrentamento da biopolítica moderna, contribuindo para a reapropriação dos corpos biológicos aos contextos das formas-de-vida ontologicamente estruturadas. Ao longo dessa parte, valemo-nos das concepções de Martin Heidegger, Simone De Beauvoir e Giorgio Agamben para apontar as relações entre propriedade, soberania e patriarcado na modernidade, apresentando a educação sexual como campo do pensamento destinado à emancipação da cisão entre vida nua e forma-de-vida presente nas cidadanias nacionais. Conclui-se que uma educação sexual emancipatória pode contribuir significativamente na constituição da cidadania global como projeto contra-hegemônico de transição. |