Ecologia de macrófitas aquáticas em rios costeiros de São Paulo: diversidade, competição interespecífica e distribuição espacial em gradientes ambientais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Nunes, Lais Samira Correia
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: eng
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/194101
Resumo: Esta tese de doutorado teve como objetivo estudar a diversidade, a competição interespecífica e a distribuição espacial de macrófitas aquáticas em rios costeiros do estado de São Paulo, através de estudos em campo (oito rios costeiros) e de experimentos em casa de vegetação. Nós elaboramos um inventário de espécies e de formas de vida de macrófitas aquáticas nos rios costeiros e encontramos um total de 45 táxons, 24 famílias e 6 formas de vida. As macrófitas emergentes foram mais frequentes e encontradas em todos os rios, porém as flutuantes e submersas foram registradas em somente dois rios. Nós observamos um gradiente de distribuição de espécies no gradiente norte-sul do litoral, com apenas 4 espécies ocorrendo em grande parte do trecho estudado e 43,5% dos táxons ocorrendo em somente um dos rios amostrados. Nós observamos que as diferenças de características das planícies costeiras (largura e inclinação) ao longo do litoral influenciam as características dos rios costeiros, especialmente sua heterogeneidade ambiental, seus comprimentos e seus gradientes longitudinais de salinidade. Nós encontramos que a heterogeneidade ambiental influencia positivamente a riqueza de formas de vida de macrófitas e a variação na composição de espécies entre os rios, no entanto, não influencia a riqueza de espécies. Os rios costeiros com heterogeneidade ambiental semelhante foram aqueles com maior similaridade na composição de espécies de macrófitas aquáticas independentemente de suas distâncias geográficas. Nós observamos elevada diversidade beta de espécies e de formas de vida de macrófitas aquáticas em escala local e regional. Na escala local, o turnover de espécies e o aninhamento de formas de vida foram explicados pelos gradientes ambientais longitudinais dos rios. Na escala regional, a diversidade beta de formas de vida foi explicada pelo comprimento dos rios; no entanto, a variação de espécies pareceu estar mais relacionada a fatores bióticos e históricos na dispersão e colonização. A partir dos estudos em campo, nós concluímos que as diferenças nas características das planícies costeiras promovem diferentes características ambientais nos rios costeiros que levam à formação de diferentes comunidades e padrões de diversidade e distribuição espacial de macrófitas aquáticas ao longo do litoral de São Paulo. Em relação aos estudos experimentais, nós encontramos que a competição entre as macrófitas emergentes Spartina alterniflora e Crinum americanum em sedimento natural de baixo e médio estuário do rio Itanhaém não é dependente das densidades iniciais de indivíduos jovens, pois S. alterniflora apresentou maior habilidade do que C. americanum em qualquer densidade nos dois tipos de sedimento. Nós encontramos também que a distribuição e a organização dos bancos destas espécies no estuário do rio Itanhaém podem ter siso influenciadas por suas ordens de chegada na colonização e efeitos de prioridade, pois indivíduos jovens não se estabeleceram em culturas heteroespecíficas de indivíduos adultos. Em experimento com substrato artificial, nós encontramos que a salinidade não foi limitante para o crescimento em monocultura de S. alterniflora e C. americanum e não influenciou o conteúdo de nitrogênio total em S. alterniflora. No entanto, em maior salinidade (30), C. americanum apresentou maior conteúdo de nitrogênio total em relação à condição não salina (0), possivelmente, como uma estratégia de tolerância à salinidade. No tratamento de maior salinidade ocorreu competição interespecífica assimétrica com maior habilidade competitiva de S. alterniflora. Os resultados de nossos experimentos sugerem que, possivelmente, em baixo estuário do rio Itanhaém C. americanum foi excluída competitivamente por S. alterniflora independentemente de suas densidades de colonização, e que em médio estuário a ordem de chegada destas espécies tem importância para a organização de seus bancos mistos.