O infantil e a educação: uma investigação a partir de narrativa de crianças

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Soares, Juliana Augusta [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/90321
Resumo: Fundamentando-se na perspectiva teórica psicanalítica, sobretudo Freud e Lacan, esta pesquisa tem por objetivo investigar o infantil em narrativas produzidas por crianças, no contexto particular de um grupo de escoteiros. O infantil, em sua necessária articulação com o inconsciente, é tomado como o modo pelo qual o sujeito tenta responder ao enigma colocado pelo desejo do Outro, o que supõe a castração. O material para análise foi obtido em um grupo para ouvir e contar histórias, junto a cinco crianças, de 08-09 anos, integrantes do ramo lobinho de um grupo de escoteiros do interior de São Paulo. As narrativas foram gravadas e transcritas literalmente. Para a seleção e a análise das narrativas levou-se em conta a repetição, o compromisso do sujeito com as mesmas (começo, meio e fim), sua singularidade ao narrar e indícios como a emergência de formações inconscientes, via metáforas e metonímias. A partir da perda do totem e da questão - o Outro mente ou diz a verdade?- verifica-se, nas narrativas, algumas das maneiras pelas quais o sujeito responde à castração, indiciando uma posição infantil: pela fantasia de contaminação e de ser roubado, pela via da agressão verbal e de atuações, pela denegação e, finalmente, pela via da angústia, materializada no desenho que faz de um “pauzinho sangrando”. Conclui-se que as narrativas do sujeito permitem interrogar o dispositivo educacional, especificamente, o ser bonzinho e dizer sempre a verdade. A noção de infantil também possibilita a desmistificação da infância e questiona a noção de um ponto ideal a ser atingido no desenvolvimento, conferindo certa liberdade às crianças pelas quais somos responsáveis por conduzir uma educação. Conclui-se, ainda, que o infantil é da ordem da singularidade, a matéria-prima do trabalho de um psicanalista no contexto clínico, mas que tem uma relação necessária com o desejo do Outro e, portanto, com a educação.