Cartografias de mulheres na prostituição: territórios, heterotopias e suas interfaces com a psicologia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Silva, Luciana Codognoto da [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/141497
Resumo: Nesta pesquisa, buscamos realizar cartografias das experiências existenciais de mulheres que se prostituem e dos territórios voltados à prostituição feminina adulta em um município interiorano e de pequeno porte populacional, localizado na região sudeste do Estado de Mato Grosso do Sul - MS. Consideramos a prostituição de mulheres adultas como movimento e conjunto de forças culturais, econômicas, políticas, psicológicas e sociais que se entrecruzam em espaços e tempos determinados, tendo como finalidade principal a oferta de relações sexuais em troca de dinheiro. Para mapearmos as experiências vividas por diferentes mulheres na prostituição, recorremos à abordagem qualitativa de pesquisa em Psicologia e aos aportes teóricos advindos dos Estudos Culturais e da Teoria Queer, além de importantes leituras descritas por Michel Foucault. A cartografia e a observação participante nos auxiliaram nas atividades de campo e na realização de entrevistas de longa duração com 10 (dez) mulheres que atuavam em diferentes territórios/espacialidades da prostituição da cidade, como bares, casas e ruas. Tivemos a preocupação de entrevistar apenas as bio-mulheres adultas – mulheres em termos biológicos, portadoras do órgão sexual feminino (PRECIADO, 2008) –, de diferentes idades, raças/cores e classes sociais e de distintas trajetórias de vida pessoal e profissional. Diversos fatores contribuíram para a entrada e a permanência de nossas participantes na prostituição, desde as histórias de violências estruturais e de gêneros, vividas da infância à idade adulta, até a tentativa de romper com um ideal binário de feminilidade, destinado ao casamento e à procriação. Observamos ações do contrapoder feminino, demonstrando, por meio de diferentes táticas de resistências, “que nem tudo está à venda na prostituição” (BURBULHAN, et al, 2012). Em outras palavras, as mulheres com as quais dialogamos neste estudo rompem com a imagem da mulher prostituta enquanto pessoa imoral, vitimizada, desregrada e destruidora dos bons costumes. São mulheres Queers, inomináveis, e que escapam dos ideais identitários normativos e dualistas de a “santa/puta”, ao mostrarem, através do uso de diferentes denominações políticas, que variações do humano são possíveis, até mesmo nos vários territórios da prostituição. Os resultados apontam ainda a ausência de pesquisas sobre esta temática por parte de profissionais e/ou pesquisadores/as psicólogos/as no Estado de Mato Grosso do Sul e a necessidade de novos estudos a serem concretizados pela Psicologia sobre a prostituição de mulheres adultas em pequenos centros urbanos e em cidades do interior do país. Histórias de vida, cartografias, heterotopias, relações de gêneros e de poder, territórios, classes sociais, raças/cores, sexualidades e suas interfaces com a Psicologia são os temas que direcionam o caminhar dialógico desta pesquisa.