O trabalho na promoção do desenvolvimento humano a partir da percepção da pessoa com deficiência intelectual

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Alves, Ana Paula Ribeiro [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/152968
Resumo: A inserção profissional de pessoas com deficiência intelectual tem sido marcada por contradições e desafios por tratar-se de uma temática recente, gerando dúvidas e anseios, daqueles que contratam, dos responsáveis pela formação e capacitação, bem como dos próprios sujeitos. Tendo em vista superar o histórico período em que este público foi excluído das atividades laborais, foram criadas medidas de ações afirmativas que asseguram a capacitação profissional e o acesso às empresas públicas e privadas, com destaque para a Lei de Cotas, que obriga empresas a partir de 100 funcionários a reservarem vagas às pessoas com deficiência. No entanto, apenas pequena parcela desta população, menos de 1%, tem vínculo formal de trabalho, e destes, o número é ainda menor quando se trata de pessoas com deficiência intelectual, denotando a necessidade de compreensão dessa realidade. O objetivo deste estudo foi analisar a percepção do sujeito com deficiência intelectual sobre sua participação no mercado de trabalho. Para isso, foram entrevistadas duas pessoas com deficiência intelectual, respectivamente, Caio e Laura, que narraram suas experiências familiares, no período escolar e no trabalho. Adotou-se o método História de Vida em que se prioriza o ponto de vista do entrevistado sem a preocupação com a veracidade dos fatos, mas com as concepções que o sujeito tem em relação a sua trajetória. As histórias foram analisadas e delineadas por meio de Temas Emergentes como: Formação para o trabalho e Preparação para o mercado de trabalho; Trabalho como princípio de humanização e Trabalho como princípio de desumanização; Deficiência como condição social e Deficiência como condição orgânica. Os temas emergentes foram interpretados à luz da teoria histórico-cultural, que compreende o homem, seja ele com deficiência ou não, como um sujeito formado pelas e nas relações com o outro. Nessa perspectiva de homem cultural e não apenas biológico, o trabalho é compreendido como princípio de humanização, inserção social e via de desenvolvimento de funções mais elaboradas. Os resultados foram apresentados em forma de textos narrativos e evidenciam o papel do trabalho no desenvolvimento dos sujeitos envolvidos que encontraram neste a realização profissional e pessoal com conquistas que estão além do aspecto financeiro, estendendo-se àquelas especificamente humanas. Esses sujeitos, contrariando o que é previsto para pessoas com deficiência intelectual, desenvolveram funções cognitivas e sociais que os permitiram ingressar e progredir no ambiente de trabalho. Nas trajetórias descritas destaca-se a constante intervenção da família na construção da identidade, assim como o que influenciou diretamente na concepção que sociedade e próprio sujeito tem sobre si. A formação em escolas regulares e cursos profissionalizantes possibilitou que atendessem às demandas do mercado de trabalho recebendo apoio e incentivo por parte dos empregadores, bem como possibilidades de progressão profissional. Mesmo diante de desafios e obstáculos, foram capazes de se desenvolver por meio das relações impostas, demonstrando que a pessoa com deficiência intelectual tem condições de atuar no mundo do trabalho, de refletir sobre as circunstâncias em que ocorre sua inserção, planejar e realizar-se profissionalmente.