Prevalência e fatores de risco para carreamento nasal e orofaríngeo de Staphylococcus aureus em diabéticos insulino-dependentes no município de Botucatu, SP.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Teixeira, Nathalia Bibiana
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/181284
Resumo: Infecções causadas por Staphylococcus aureus representam um dos principais problemas de saúde pública, com elevadas taxas de morbidade e mortalidade principalmente entre indivíduos com deficiência de sistema imunológico como os diabéticos, em especial aqueles que fazem uso diário de insulina. Além da alta patogenicidade e facilidade de aquisição de resistência aos antimicrobianos, o patógeno tem grande habilidade de colonizar indivíduos de forma assintomática, favorecendo sua disseminação e tornando esses indivíduos fonte de risco para infecções. O estudo teve como objetivo analisar a prevalência e fatores de risco para o carreamento nasal e orofaríngeo, bem como caracterizar o perfil de resistência, virulência e tipagem molecular de S. aureus sensível à meticilina (MSSA) e S. aureus resistente à meticilina (MRSA) isolados de indivíduos diabéticos insulino-dependentes do município de Botucatu, SP. S. aureus foram obtidos da nasofaringe e orofaringe de 312 indivíduos diabéticos insulino-dependentes da comunidade e analisados quanto à presença do gene mecA, genes das enterotoxinas (sea, seb, e sec-1), esfoliatinas A e B (eta e etb), toxina 1 da síndrome do choque tóxico (tst), leucocidina Panton–Valentine (pvl), hemolisinas alfa (hla) e delta (hld) e biofilme (operon icaADBC) através da técnica da reação em cadeia da polimerase (PCR) e a tipagem do SCCmec através de PCRmultiplex. O perfil de sensibilidade à oxacilina, cefoxitina, linezolida, quinupristina/dalfopristina e sulfametoxazol/trimetoprim foi realizada pelo método do disco-difusão e a concentração inibitória mínima (CIM) de vancomicina foi determinada pelo método do E-test. A tipagem molecular dos isolados foi identificado através da técnica de PFGE (Pulsed Field Gel Electrophoresis) e pela técnica de MLST (Multilocus Sequence Typing). Para análise dos fatores de risco foi aplicado um questionário contendo dados demográficos e clínicos que posteriormente foram analisados por modelo de regressão logística para determinar fatores de risco associados ao carreamento de S. aureuse MRSA. A prevalência de colonização global de S. aureus e MRSA foi de 30,4% e 4,8%, respectivamente. Dos 112 isolados de S. aureus, 15 tinham o gene mecA, sendo que 10 carreavam o SCCmec do tipo IV, três carreavam o SCCmec do tipo I e dois isolados carreavam o SCCmec do tipo II. Dos 15 isolados resistentes (MRSA), sete apresentaram sensibilidade à oxacilina e quatro apresentaram sensibilidade à cefoxitina pelo método de disco-difusão. Nenhum dos isolados de S. aureus apresentou resistência à linezolida, quinupristina/dalfopristina e vancomicina, enquanto que um isolado de MSSA, apresentou resistência à sulfametoxazol/trimetoprim. A análise dos fatores de risco para carreamento de S. aureus revelou associação negativa com idade e doença pulmonar, enquanto que úlcera de membros inferiores foi fator de risco. Para carreamento de MRSA apenas o sexo masculino foi associado significativamente como fator de risco na análise multivariada. Quanto à análise do perfil de virulência notou-se alto potencial patogênico tanto de isolados de MSSA quanto de MRSA, com maior prevalência de genes relacionados à produção de biofilme (genes icaA e icaD), enterotoxina A (gene sea) e as hemolisinas alfa (gene hla) e delta (gene hld). Não foram encontrados isolados carreando os genes da esfoliatina B e pvl. A tipagem molecular demonstrou a formação de clusters entre isolados MRSA de pacientes diferentes com presença de ST5 e ST8. Entre os MRSA e MSSA foram identificados isolados carreando o ST398, sugerindo disseminação dessa linhagem entre a população do estudo. Nossos achados reforçam a importância de estudos epidemiológicos de colonização, principalmente em populações de risco aumentado para infecções, como é o caso dos diabéticos, uma vez que além da alta prevalência de MRSA, notou-se também isolados sensíveis virulentos colonizando a mucosa nasal e garganta desses indivíduos, fato que pode contribuir para transmissão, aumento do risco de infecções graves e dificuldade no tratamento.