A avaliação da efetividade de um modelo de intervenção breve (método BASICS) para o uso de risco de álcool em estudantes do ensino médio

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Faria, Maria Luisa Vichi Campos [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/137896
Resumo: O álcool, mesmo proibido, é a substância psicoativa mais usada por adolescentes no Brasil. Em 2011 uma pesquisa nacional (PeNSE) encontrou que mais da metade dos adolescentes de 13 a 15 anos já havia experimentado álcool e que 9\% referiu problemas decorrentes do uso. Esse comportamento pode trazer consequências graves e permanentes para a vida do adolescentes e de outras pessoas. Trata-se de um problema de saúde pública sendo necessários avanços nas pesquisas sobre prevenção e sobre os cuidados específicos para essa população. O BASICS foi concebido para universitários que apresentavam padrão de uso de álcool problemático. Essa intervenção, empática e flexível, foi desenhada para ajudar esses indivíduos na tomada das melhores decisões sobre o álcool, caracterizando-se assim, como uma abordagem de redução de danos e também uma tecnologia leve. O objetivo desse estudo foi testar a efetividade do BASICS na redução do uso problemático de álcool em uma amostra de alunos do ensino médio de escolas públicas de uma cidade de 127 mil habitantes do estado de São Paulo-Brasil. Foi realizada uma análise do banco de dados de um ensaio controlado randomizado realizado ao longo do ano de 2009. De todos os alunos matriculados nas escolas públicas, 1712 eram menores de 18 anos e aceitaram fazer parte do estudo. Destes, 1149 eram abstêmios, 253 faziam uso arriscado de álcool e 310 foram considerados de baixo risco. Os indivíduos identificados com uso de risco foram sorteados para os grupos de intervenção breve (IB) ou para o grupo controle (C). O grupo C apenas preencheu os instrumentos de avaliação. Os grupos IB e C foram então avaliados após 6 e 12 meses. Não se encontrou diferença com relevância estatística entre as médias do AUDIT e AUDITC entre os grupos. Houve redução de consumo de álcool ao longo do estudo em ambos os grupos. Essa redução pode ser explicada parcialmente pelo fenômeno de regressão à media. Essa redução não se deu em função das perdas pois os alunos que abandonaram não foram aqueles com padrões mais graves de uso. Na tentativa de explicar os resultados encontrados foram levantadas as seguintes possibilidades: presença do efeito Hawthorne e a ocorrência de uma redução natural no consumo ao longo dos 12 meses em função do comportamento exploratório e não estático do uso de álcool por adolescentes. Notou-se também que uma fração considerável de sujeitos evoluiu de um consumo de risco para a abstinência ao longo do estudo. Para melhor descrever esse processo foi proposto um modelo markoviano que incluiu de forma explícita o comportamento exploratório dos adolescentes e sua tendência à abstinência. Através de simulações de Monte Carlo foram estimados os parâmetros relevantes do modelo e investigada a presença do efeito Hawthorne. Por meio dessa análise constatou-se que houve uma redução do uso de álcool no grupo controle e no grupo intervenção estimulada pela participação no estudo, que os padrões de uso em ambos os grupos foram essencialmente os mesmos e que as distribuições de consumo podem ser adequadamente descritas pelo modelo proposto. Foi investigado também se parte dessa população não teria um comportamento que pudesse indicar sua predisposição para um consumo de risco em fases posteriores na vida. A partir de um modelo de clusterização de dados baseados na variável AUDIT percebeu-se que os sujeitos poderiam ser divididos em dois grupos: persistente e não persistente. Por meio de uma análise estatística usando modelos lineares generalizados conclui-se que adolescentes do sexo masculino, que iniciavam o consumo mais cedo, que possuíam amigos que se embriagavam e que eram oriundos de famílias com problemas de álcool eram mais propensos a participar do grupo persistente. Conhecer melhor o comportamento dos adolescentes quanto ao uso de álcool favorecerá o uso de desenhos experimentais mais adequados o que possibilitará uma melhor avaliação do impacto de medidas preventivas para essa população.