“Elegemos um meme?!”: política e experiência estética nos memes de ação popular das Eleições 2018

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Milanezi, Maicon José de Faria
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/190835
Resumo: Esta pesquisa busca analisar os memes políticos a partir da ótica da inserção das pessoas militantes em comportamentos coletivos e compartilhados de apoio ou oposição a candidaturas, tendo em vista o segundo turno das Eleições Presidenciais de 2018. Para tanto, constrói-se uma exploração teórica que leva em conta as transformações da sociedade em vias de midiatização, onde os processos de interação tecidos em redes são híbridos e as lógicas sociais, altamente baseadas no midiático, pois passam a levar em conta dinâmicas desse campo social sobretudo quando se observa as instituições e mobilizações políticas. O trabalho se baseia no pensamento político de Jacques Rancière (1996, 2009, 2012, 2016), para quem a política é a contestação da ordem policial que estabelece hierarquicamente lugares definidos a serem ocupados pelos indivíduos e uma partilha do sensível consensual, não se restringindo à estrutura jurídico-política de gestão dos interesses coletivos. São apresentados, então, partindo de Dawkins (2018 [1976]) e Shifman (2014), os desdobramentos investigativos que enquadram os memes como elementos dotados de sentidos que encontram nos sites de redes sociais um ambiente fecundo para se multiplicarem e serem capazes de conformar ação política. Com base, especificamente, nos memes de ação popular, caracterizados por ações coletivas performáticas com teor comportamental apropriados por essas militâncias para pautar discussões, visa-se compreender se eles instituem o que Braga (2012, 2018) chama de arranjos disposicionais, ou dispositivos de relações através dos quais são possíveis a produção de cenas de dissenso que possibilitem pensar novas maneiras de dizer e ver o mundo, construindo novos lugares, nomes e funções a serem ocupadas na vida social. Pretende-se, ainda, observar como esse fenômeno enunciativo dos memes ajuda a construir sentidos e disputas durante um pleito eleitoral, levando-se em conta as transformações observadas na sociedade em midiatização que promove aos indivíduos novas maneiras de conexão, expressão e criatividade na hora de se colocarem no debate por meio das redes sociais digitais. Para a realização da análise, são empreendidos dois principais movimentos: a sistematização dos memes coletados no Twitter com elementos que identificassem os candidatos, segundo a taxonomia de memes desenvolvida por Chagas et al. (2017), uma análise com base nos processos estruturais de conotação da mensagem fotográfica de Roland Barthes (1990a) e uma incursão analítico-interpretativa que toma por base esses elementos para observar os memes à luz da experiência estética e das reflexões de Rancière. Enfim, visa-se traçar relações mais amplas sobre a participação política midiatizada através da ação conectiva dos memes e a centralidade que podem encontrar no período eleitoral. Nesse trajeto, conclui-se que, de maneiras diferentes, os apoiadores dos candidatos Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) constroem uma performatividade política possibilitada por essa experiência estética de inscrição nos memes, nesse contexto polissêmico e híbrido de mobilização política.