Relações entre ambiente sociomoral, desempenho escolar e perspectiva social em julgamento moral: análises em escolas públicas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Silva, Claudiele Carla Marques da [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/152777
Resumo: Esta tese foi desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Educação da FCT/UNESP. A pesquisa investigou as relações entre ambiente sociomoral e clima escolar de duas classes em diferentes escolas públicas: uma escola com bom desempenho escolar (escola A) e outra com baixo desempenho (Escola B), segundo notas obtidas no Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (IDESP). Nessas escolas, avaliou-se o ambiente sociomoral, clima escolar e o nível de perspectiva social em julgamento moral dos alunos. A amostra foi composta por alunos e professores de duas classes do 5º ano do ensino fundamental. Para avaliar o ambiente sociomoral, aplicamos um questionário sobre clima escolar e realizamos observações do cotidiano da escola. O nível de perspectiva social em julgamentos morais dos alunos foi avaliado por meio de nove histórias, em forma de situações-problema, que envolvem o valor justiça. As questões que orientaram a pesquisa foram: Em que medida o ambiente sociomoral da escola possibilita um melhor desempenho escolar dos alunos? Quais fatores do ambiente sociomoral poderiam favorecer esse bom desempenho escolar dos alunos? Alunos que apresentam um bom desempenho escolar, no sentido de boas notas escolares, têm também perspectiva social mais descentrada em seus julgamentos morais? O ambiente sociomoral da classe na escola A foi caracterizado como propenso à cooperação e na classe da escola B como tendência coercitiva, de acordo com os critérios utilizados na pesquisa. Na literatura nacional e internacional, estudos mostram que há relação positiva entre ambiente sociomoral da escola, especialmente o clima educativo, e o desempenho acadêmico dos alunos. Nesta pesquisa essa relação também foi confirmada, pois escola A se mostrou mais favorável à aprendizagem dos alunos ao disponibilizar um ambiente mais harmônico, com poucos casos de violência e de relações hostis, em que os profissionais demonstraram estar comprometidos com a educação dos alunos e tinham uma alta expectativa em relação à aprendizagem; as regras eram conhecidas por todos, os discentes podiam questionar sobre dúvidas em relação ao conteúdo e eram cobrados em relação aos estudos; havia a pessoalidade de tratamento. Os alunos demonstraram estar mais satisfeitos com a escola, com os colegas e com os profissionais em comparação aos alunos da escola B. Em contrapartida, na escola B, as normas e regras que regiam as relações não eram debatidas ou mesmo de conhecimento da maioria dos alunos; violência, incivilidade e indisciplina faziam parte do cotidiano dos alunos e eram tratados como “naturais”. Os conflitos eram erroneamente tratados, ou por serem ignorados ou por serem aplicadas sanções expiatórias, sem que fossem envolvidos processos como diálogo ou a busca pela reparação. As percepções dos alunos sobre ações de justiça da escola e do professor foram mais positivas na escola A quando comparada à escola B. No julgamento moral sobre as histórias sobre justiça constatamos que as crianças que convivem em um ambiente mais democrático/cooperativo (Escola A) tendem a dar mais respostas pró-valores em seus julgamentos, baseando-se nas normas sociais convencionais, em contratos coletivos, na necessidade do uso do diálogo para resolver conflitos ou em valores considerados universalizáveis. Na escola B, as respostas basearam-se em contravalor e pró-valor numa perspectiva individualista ou egocentrada ou centrada nas relações grupais e em normas sociais mais convencionais. Portanto, constatamos que um ambiente sociomoral cooperativo/democrático na escola influencia o desempenho acadêmico dos alunos e, também, seu desenvolvimento nas perspectivas sociais em que fazem julgamentos de justiça. Tornam-se necessários o aprofundamento de pesquisas na área e o investimento na formação dos professores para que possam compreender a importância dessa temática tanto para formação ética e moral dos alunos como para propiciar seu desempenho acadêmico.