Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2016 |
Autor(a) principal: |
Melo, Rodrigo Prudente de [UNESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/11449/139524
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Resumo: |
A Faixa Móvel Aguapeí compreende uma estreita faixa de dobramentos de aproximadamente 500Km de comprimento, estruturalmente confinada entre a margem leste do Craton Paraguá e o embasamento da província San-Ignacio. A reativação de estruturas de escala crustal tem sido apontado como o principal responsável pela evolução tectônica e metamórfica da faixa, que ocorreu no início do Neoproterozóico (~0.92Ga) e que causou a deformação e o metamorfismo de rochas sedimentares previamente depositadas em um Aulacógeno (Aguapeí Group), bem como seu embasamento Mezoproterozóico. A evolução da Faixa Móvel Aguapeí e sua relação com mineralizações auríferas que ocorrem em sua porção mais setentrional, foi investigado nessa pesquisa através de petrografia auxiliada pelo estudo de inclusões fluidas, geotermobarometria e geoquímica. A área de estudo está localizada a sul da cidade de Pontes e Lacerda (MT), mais ou menos na porção central da Província Aurífera Alto Guaporé que compreende uma série de depósitos de auríferos hospedados ao longo da faixa. Na parte sul da área de estudo, na região do depósito Pau-a-Pique, o arcabouço estrutural é dado por uma série de zonas de cisalhamento transcorrentes, enquanto que a porção norte, região do depósito Ernesto, é caracterizada por dobramentos e cavalgamentos. O padrão estrutural, por sua vez, sugere que a deformação foi contralada principalmente pela ação de zonas de cisalhamento com encurtamento NNE-SSW. Dados de geotermobarometria com base no conteúdo de Si em muscovita, Ti em quartzo e no fracionamento isotópico entre quartzo e magnetita, presente em veios de quartzo e em muscovita xisto ao longo de zonas de cisalhamento, sugerem que as condições metamórficas atingiram a zona de transição entre as fácies xisto verde anfibolito, com temperaturas superiores a 490ºC e pressão acima de 3.2Kbar. Essas condições estão de acordo com feições petrográficas observadas em dioritos e andesitos preservados em núcleos pouco deformados ao longo de zonas de cisalhamento anastomosadas. Também são mais ou menos coerente com presença de migração de bordas de grão (GBM) como principal mecanismo de recristalização de quartzo em zonas de cisalhamento. Dados de geoquímica de rocha total sugerem que fluidos estavam presentes durante a formação de zonas de cisalhamento transcorrente da região do depósito Pau a Pique. A percolação de fluidos associado ao cisalhamento causou importantes modificações químicas e texturais nas rochas e transformou granitóides em mica-xistos pela remobilização de elementos químicos. As condições (PT) encontradas em zonas de cisalhamento contrastam fortemente com as condições encontradas em rochas metassedimentares pouco deformadas, presentes principalmente na porção central e norte da área de estudo. A ausência de biotita em sedimentos pelíticos e a presença de Bulging (BLG) como mecanismo de recristalização do quartzo são indicativos de baixa temperatura (abaixo de 400ºC). Ao mesmo tempo o parâmetro b da célula unitária de micas brancas (sericita) em rochas metassedimentares indicam baixo conteúdo de fengita nas micas, comum em zonas de metamorfismo de pressão baixa a intermediária. Essas condições são compatíveis com metamorfismo na fácies xisto verde e sugerem que as condições metamórficas não foram uniformes ao longo da área.A percolação de fluidos redutores ricos em CO2 foram responsáveis pelo evento de mineralização aurífera, como observado nos depósitos Pau-a-Pique e Ernesto (Nível Intermediário). A relação próxima entre clorita, sulfeto e carbonato, que geralmente ocorrem ao longo de fraturas em veios de quartzo-albita foi usado para estimar a temperatura de precipitação do sulfeto através do uso de geotermômetros específicos para clorita. Os resultados sugerem que no depósito Pau-a-Pique, que clorita, carbonato e sulfeto ocorrendo em fraturas de veio de quartzo, se formaram a 325ºC durante a fase de retrometamorfismo. Os aspectos texturais de piritas revelam que se cristalizaram pela alteração de óxidos de Ti e Fe presentes nas encaixantes de veios de quartzo mineralizados do depósito Ernesto e em muscovita xisto do depósito Pau-a-Pique, devido a reação destes fluidos redutores ricos em H2S. Tal processo foi também responsável pela precipitação do ouro. As características das inclusões fluidas e da alteração hidrotermal dos depósitos estudados são comuns em depósitos do tipo ouro orogênico. Dados de isótopos estáveis (δD e δ18O) indicam fonte metamórfica para fluidos responsáveis pela cristalização dos principais minerais de ganga presente nos depósitos estudados e em outros seis depósitos da área de estudo. Além disso dados de δD em inclusões fluidas são compatíveis com valores encontrados na maioria das províncias de ouro orogênico pelo mundo. Os resultados permitem concluir que os depósitos estudados foram formados tardiamente na evolução metamórfica da Faixa Móvel Aguapeí, após o pico metamórfico da área, a partir de fluidos redutores ricos em CO2 que transportaram ouro via complexação com H2S. |