O significado da comunidade humana autêntica na sociologia de Lucien Goldmann: um pensamento na contracorrente das ideias dominantes

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Ferreira, Aline Cristina
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/242699
Resumo: A pesquisa teve como principal objetivo compreender e explicar o conceito de comunidade humana autêntica no conjunto da obra de Lucien Goldmann, isto é, nos seus escritos de 1945/1948 a 1970. Há poucos trabalhos que tratam diretamente desta ideia, ao passo que ela é mencionada com frequência na produção intelectual do autor. Assim, partimos da seguinte problemática: quais são as implicações do conceito de comunidade humana autêntica na produção sociológica de Lucien Goldmann? Como isso se manifesta concretamente nas suas obras? Defendemos, em nossa argumentação, que a comunidade humana autêntica é a espinha dorsal da sua teoria como um todo. Sustentamos, portanto, que não há uma divisão teórica substancial, antes e após o maio de 1968, como geralmente sugerem seus intérpretes. Constatamos que a ideia de comunidade é formada por um conjunto de princípios que devem existir em uma sociedade emancipada. Tais princípios são os de liberdade e igualdade reais, ou seja, pressupõem a abolição do Estado, da propriedade privada e das classes sociais. Analisamos como esses argumentos aparecem na sua sociologia, especialmente a partir do conceito de aposta e da noção de história como devir. Com isso, abordamos como Goldmann constituiu uma perspectiva política específica, a qual criticava veementemente as sociedades socialistas burocratizadas, sobretudo a União Soviética, além da sociedade capitalista tecnocrática e o processo de reificação. Em sua sociologia do conhecimento, demonstramos que a concepção comunitária está presente a partir da criação de uma epistemologia que necessariamente se engaja com a transformação social, unindo teoria e prática. Por isso, contrastamos tal produção com o positivismo e o estruturalismo, correntes acadêmicas hegemônicas de sua época, contrárias aos princípios humanistas. Em relação à sua sociologia da literatura, demonstramos que embora haja um certo simplismo na sua análise do romance, esse fato não pode ser generalizado para toda a sua concepção teórica sobre o assunto. Desse modo, apresentamos igualmente os seus artigos sobre o teatro nos quais a revolta social é abordada, indicando, inclusive, o papel da literatura na luta pela consciência de classe, visando a transformação social. Partimos do pressuposto segundo o qual a produção intelectual é uma produção social. Por isso, abordamos a biografia deste autor, o seu contexto sócio-histórico e as discussões acadêmicas nas quais ele estava inserido, fundamentando o porquê de se posicionar na contracorrente das ideias dominantes. O diagnóstico final da tese apontou para a relevância de sua teoria na atualidade, em um mundo cada vez mais fragmentado e individualista. Lucien Goldmann nos apresenta recursos para avaliarmos e criticarmos a sociedade rumo a uma nova forma social. Tais ferramentas se desenvolvem exatamente a partir da sua concepção de comunidade humana autêntica. É importante ressaltar que todas essas questões são tratadas de modo a reconhecer as suas contribuições, mas também apontando e criticando suas limitações.