Conflitos como dimensão da atividade de formação de professores na Hora de Trabalho Pedagógico Coletivo (HTPC) em contexto pandêmico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Amorim, Neuraci Rocha Vidal
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/237010
Resumo: O objetivo geral desta tese é analisar a relação entre a atividade do formador e os conflitos dos participantes de um curso de formação continuada no Ensino Fundamental Anos Iniciais durante a Hora de Trabalho Pedagógico Coletivo (HTPC). Oriundo de uma parceria com a equipe gestora da escola, esse curso sobre o ensino da produção textual foi realizado em 2020, com professores de uma rede municipal do noroeste paulista. A formação iniciou-se na modalidade presencial, mas a maior parte de seu desenvolvimento ocorreu durante o ensino remoto devido ao contexto pandêmico. Os objetivos específicos desta pesquisa são: (i) identificar o que foi priorizado em relação ao trabalho docente nas prescrições que orientam o ensino remoto; (ii) analisar o planejamento do curso, as atividades de formação, as formas sociais de trabalho, os conteúdos trabalhados e os saberes (saberes a ensinar e saberes para ensinar) abordados de modo a identificar a organização dos objetos de ensino que estruturam a formação; (iii) analisar os gestos da formadora durante o encontro selecionado para análise; (iv) identificar a qual(is) eixos (prescritivo, didático ou do agir da formadora) se relacionam os conflitos que emergem nas interações entre formadora e docentes durante um dos encontros formativos sobre o trabalho de ensino da produção textual; (v) analisar o agir da formadora perante os conflitos vivenciados pelos participantes no encontro investigado. Para tanto, esta investigação recorre à compreensão da relação linguagem e desenvolvimento humano apresentada pelo Interacionismo Sociodiscursivo de Bronckart (1999, 2006, 2008, 2013). Quanto à discussão acerca do trabalho docente, embasa-se em Machado (2007, 2010); em Machado e Bronckart (2009) e na Ergonomia da Atividade dos Profissionais da Educação, Saujat (2004), Amigues (2004). Para compreender a relação trabalho, conflito e desenvolvimento busca-se aportes da Clínica da Atividade (CLOT 2006, 2010, 2017). O estudo analisa cinco comunicados publicados pela Secretaria Municipal de Educação e um encontro de formação realizado de forma on-line. A justificativa para esse recorte é que tais textos constituem as prescrições para o ensino remoto. Em relação ao encontro, nesse momento, a formadora propôs aos professores que realizassem uma produção inicial do gênero de texto entrevista jornalística com os alunos e essa atividade de formação fez emergir alguns conflitos dos participantes. Os dados foram analisados com o instrumental de análise de textos de Bronckart (1999;2013) e pelas ferramentas de análise da formação docente elaboradas por Dolz, Roa e Gagnon (2018); Surian e Dolz (2018); Dolz et al (2018); Gagnon et al (2018). As análises possibilitaram delinear uma definição inicial do trabalho do formador como uma atividade: (i) influenciada pelas condições sócio-históricas; (ii) guiada por prescrições do sistema de ensino e do sistema educacional; (iii) constituída por modelos do agir; (iv) pertencente a um coletivo; (v) mediada por artefatos materiais e simbólicos; (vi) interligada ao sistema didático; (vii) desenvolvida em interação com outros (professores, gestão, secretário de educação, órgãos governamentais, pesquisadores etc.); (viii) influenciada pelos conflitos e pelos obstáculos dos professores participantes. A formalização do gesto de regulação de conflitos realizado por esta pesquisa demonstra como o gesto de planejamento de uma sequência de formação pode abarcar estratégias (gestos do formador, atividades de formação, questionamentos) para que as tensões emerjam e se tornem instrumentos de desenvolvimento tanto para os participantes quanto para o formador.