Épica, em perspectiva, miscigenada e malandra: mergulhos em processos criativos da Cia. Livre e da Cia. Teatro Balagan trazem à tona forma de produção do sujeito teatro de grupo paulistano

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Frin, Luiz Eduardo [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/150995
Resumo: Este trabalho consolida-se na observação, em procedimento que se aproxima da pesquisa participativa, dos processos de criação dos espetáculos Maria que virou Jonas ou a força da imaginação (2015), da Cia. Livre, e Cabras – Cabeças que voam, cabeças que rolam (2016), da Cia. Teatro Balagan. Apesar de as Companhias paulistanas em epígrafe apresentarem práxis com características próprias, verificou-se um conjunto de proposições e procedimentos comuns na criação de espetáculos e, também, em uma série de atividades correlatas, como a publicação de material reflexivo, a realização de debates, palestras e cursos. A partir de tal verificação, propõe-se a existência, na cidade de São Paulo, nesta segunda década do século XXI, de forma de produção determinada historicamente. Isto é, a mobilização e a criação de um conjunto de parâmetros práxicos que está na base de realização teatral de caráter eminentemente épico, premida por pressupostos colaborativos de criação. Forma que, também, prevê a hierarquização horizontal nas relações em companhias e grupos teatrais. Tal conjunto de parâmetros constitui-se em orientação metodológica para uma significativa parcela da produção teatral na cidade, atinente ao sujeito histórico teatro de grupo. Coligindo determinada bibliografia e observação práxica, indica-se ponto de inflexão originário de tal forma de produção: os meados de 1970, em contexto da luta contra a ditadura civil-militar então vigente no Brasil. Coletivos teatrais surgidos à época, em comunhão com outros já em existência, ao priorizarem pressupostos colaborativos de criação e hierarquização horizontal, inseriram-se em amplo escopo de transformações na sociedade brasileira no período e, assim, redimensionaram a perspectiva social da produção teatral. Para se analisar os meandros de tal forma de produção, são utilizados preceitos de Fayga Ostrower (2013), principalmente no que diz respeito à associação direta entre criação e formalização. As teses de Ostrower são apresentadas em cotejamento, principalmente, às de Mikhail Bakhtin (1987, 2010) acerca de certa onipresença de elementos histórico-sociais em qualquer processo criativo. No sentido de observar e refletir dialeticamente sobre práticas teatrais (objetos e sujeitos desta pesquisa), apropria-se então de determinadas proposições. Teses, prioritariamente, de Eduardo Viveiros de Castro (2002), Darcy Ribeiro (2015), Antonio Candido (1970) e Roberto DaMatta (1997), que são consideradas para associar certas idiossincrasias, da referida forma, com alguns preceitos de sociedades ameríndias e, outros, fundantes do nomeado povo brasileiro. Destacando-se: o perspectivismo, a valorização da alteridade, a miscigenação e a malandragem.