Arte, política e educação ambiental: a contribuição do pensamento de Theodor Adorno

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Souza, Heluane Aparecida Lemos de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Art
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/182834
Resumo: A relação sociedade-natureza decorre, principalmente, da concepção de natureza que construímos ou, como afirma Bornheim, do “modo como o homem torna a natureza presente” (1985, p.18). A sociedade moderna ocidental tem “tornado a natureza presente” a partir de uma relação dicotômica. A partir de René Descartes e Francis Bacon, o conhecimento científico passou a ter uma função intervencionista, tornando-se necessário conhecer a natureza para dominá-la. O sucesso do projeto de Francis Bacon, no qual “saber é poder”, hoje ameaça a biosfera (Giacoia Junior, 2004) e exige reflexões e ações para a superação da crise socioambiental. É o que Hans Jonas (2006) denominou de “dialética do poder”. A esta perspectiva de conhecimento, enfatizada no século XIX pela ciência positivista, a “Teoria Crítica” elaborada pela Escola de Frankfurt, que tem Theodor Adorno como um de seus principais pensadores, se opõe radicalmente. Da mesma forma, afirmamos que a atual crise socioambiental não pode ser resolvida por meio da ciência e da tecnologia, mas torna-se, fundamentalmente, uma questão política (BORNHEIM, 1985). Neste sentido, compreendemos a Educação e a Arte, em uma perspectiva política, fundamentais para a transformação da realidade. Para Adorno, em nossa sociedade predomina a “Semiformação”, que nos coloca sob a ameaça da barbárie, sendo a auto-reflexão crítica a única alternativa. No entanto, a auto-reflexão crítica, possibilitada pela teoria crítica da sociedade e cuja racionalidade ainda é a principal preocupação, frente ao fracasso do “projeto do esclarecimento” será, se não substituída, podemos entender que perde sua centralidade em decorrência da possibilidade da teorização crítica a partir da Arte, na “Teoria Estética” de Adorno (FREITAG, 2004). É, portanto, na Arte, sob a perspectiva de Adorno, relacionando-a à Educação, e à Educação Ambiental, que buscamos uma alternativa para “tornar a natureza presente” e construir outra relação entre a sociedade e a natureza, distinta daquela que nos trouxe à atual crise socioambiental. Tendo essas ideias como referência, desenvolvemos a presente pesquisa, de abordagem qualitativa e natureza bibliográfica, na qual buscamos interrogar: que contribuições a Arte, sob a perspectiva de Theodor Adorno, pode trazer para a Educação Ambiental? Assim sendo, o objetivo desta investigação é analisar a perspectiva de Theodor Adorno sobre a arte, e possíveis contribuições para a Educação Ambiental. Compreendemos que, para Adorno, a arte é uma forma de conhecimento, que possibilita uma experiência estética, e uma práxis política. Enquanto forma de conhecimento, a arte é, dialeticamente, mímese e racionalidade. Da mesma forma, a arte é condição para o estabelecimento de outra experiência com a natureza, a “experiência estética da natureza”, que permite que esta seja compreendida como fenômeno e experienciada através da imagem. Por fim, a arte relaciona-se com a sociedade não apenas pela sua produção e origem de seu conteúdo, mas, enquanto arte autônoma, ocupa uma posição antagônica à sociedade. Não imita a sociedade, mas sim se apresenta como resistência a ela. A arte, tal como proposta por Adorno, nos possibilita aproximá-la da proposta de Carvalho (2006) para a Educação Ambiental, considerando a necessidade de contemplar para as práticas e produções teóricas em EA, as dimensões de conhecimentos, de valores éticos e estéticos e de participação política, com centralidade na dimensão política.