Proteção de gemas e produção de casca: persistência pós-fogo em um gradiente de savanas e florestas do Cerrado

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Chiminazzo, Marco Antonio
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: eng
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Bud
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/202528
Resumo: O fogo é um distúrbio em diversas partes do mundo, controlando a distribuição de biomas e atuando como modelador de diferentes tipos de vegetação. No Cerrado, o fogo é um importante fator ecológico e evolutivo, sendo responsável por selecionar espécies que sejam capazes de sobreviver ao distúrbio e influenciando na delimitação de áreas de floresta e de savana. Após a passagem do fogo, as espécies têm sua biomassa aérea consumida pelas chamas ou danificadas pelo calor, fazendo com que seja necessário o rebrote de novos ramos para que persistam no ambiente. Entretanto, para que o rebrote seja possível, as estruturas responsáveis por formar os novos ramos (as gemas) devem estar protegidas a ponto de sobrevirem aos danos causados pelas chamas. Dessa forma, o trabalho teve como objetivo geral avaliar as diferentes características e estratégias que plantas lenhosas possuem para superar e persistir em ambientes com fogo. Logo, têm-se as seguintes perguntas: como os atributos funcionais relativos às gemas aéreas são distribuídos em espécies florestais e savânicas? Quais atributos funcionais e formas de crescimento podem ser relacionados às respostas pós-fogo dessas vegetações? A fim de explorar essas questões foram amostradas espécies em um gradiente vegetacional entre savanas e florestas, considerando as diferentes frequências de fogo entre elas. Para cada espécie amostrada, indivíduos foram coletados para analisar a presença de quatro atributos funcionais relativos à persistência de espécies lenhosas: proteção de gemas aéreas pela casca, a presença de tricomas nas gemas protegendo os ápices meristemáticos, a presença de gemas acessórias e a taxa de produção de casca por unidade de tempo. Também foram avaliadas as respostas pós-fogo das espécies lenhosas levando em consideração a proteção das gemas, a posição de rebrota dos novos ramos e a altura dos indivíduos. O estudo evidenciou que espécies que melhor protegem suas gemas e produzem maior quantidade de casca estão relacionadas às áreas savânicas cujo fogo se faz presente. A presença de tricomas nas gemas também se relacionou às espécies de áreas savânicas, sugerindo uma possível função similar à casca em proteger as gemas aéreas. Da mesma forma, gemas acessórias também foram mais presentes nas espécies de savana, indicando a maior capacidade de rebrote aéreo quando comparadas às espécies florestais. Por fim, espécies que melhor protegeram suas gemas também produziram mais casca por unidade tempo. Quanto às respostas pós-fogo das espécies, aquelas que apresentaram maiores proteção de gemas também apresentaram maior capacidade de rebrotar a partir de gemas aéreas, mas, também foram capazes de rebrotar de estruturas basais. Algumas espécies foram capazes de rebrotar de estruturas aéreas mesmo com pouca proteção de gemas. Contudo, a maioria dessas espécies apresentou tricomas. Em função da distribuição desses atributos, o estudo evidenciou a grande adaptação e resiliência que as espécies lenhosas do cerrado possuem para resistir e persistir aos eventos de fogo, indicando que a presença de fogo é um fenômeno intrínseco aos ecossistemas savânicos.