Ecotoxicidade de solos contaminados com os herbicidas flumioxazin e imazetapir e as consequências desta contaminação para a saúde ambiental

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Gonçalves, Matheus de Moraes Cunha [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11449/259004
Resumo: O uso intensivo de herbicida vem aumentando a preocupação com seus riscos de contaminação ambiental. Muitos autores reportam que a utilização desses químicos causa graves danos ao solo, às águas subterrâneas e superficiais, a flora e a fauna. O aumento desses agrotóxicos no meio ambiente afeta negativamente a biota, reduzindo a taxa de sobrevivência, crescimento e de reprodução, aumentando a mortalidade e promovendo mudanças comportamentais, fisiológicas e genéticas. A soja é a leguminosa de maior cultivo no mundo, e que também tem uma grande representatividade na agricultura brasileira. Porém, um dos principais problemas da sua produção é a presença de plantas invasoras nas culturas, cujo controle é, na sua grande maioria, feito pela aplicação de herbicidas na cultura. As moléculas imazetapir e flumioxazin vêm sendo muito utilizadas como alternativa para o controle de plantas invasoras da soja. O flumioxazin é considerado um herbicida de degradação rápida, portanto não persistente em solo, enquanto que o imazetapir apresenta uma longa persistência no solo, o que pode ser um risco para organismos não-alvos, e para contaminação de águas subterrâneas e superficiais. Devido aos riscos ambientais ocasionados pelos herbicidas, esse trabalho teve como objetivo avaliar, por meio de bioensaios ecotoxicológicos, os potenciais efeitos dos herbicidas flumioxazin e imazetapir, isolados e em mistura, sobre a biota eventualmente exposta às suas ações. Para avaliar os efeitos tóxicos desses herbicidas, foram realizados ensaios de fitotoxicidade com Lactuca sativa, de citogenotoxicidade com Allium cepa e de reprodução com o microartropode Folsomia candida. Foram coletadas amostras de solos de locais com histórico de dois anos de aplicação destes herbicidas, isolados e em misturas, antes (amostragem 1) e após o terceiro ano de aplicação dos agrotóxicos (amostragem 2). Foram também avaliados solos artificialmente contaminados com diferentes concentrações (2 ml/L; 3 ml/L; 4 ml/L; 5 ml/L; 6 ml/L) de uma fomulação comercial composta da mistura destes dois herbicidas citados acima. A avaliação dos solos com histórico de contaminação mostraram que ambos os períodos de amostragem (1 e 2) resultaram em danos fitotóxicos em L. sativa, prejudicando o desenvolvimento das raízes. Também foram verificados efeitos citogenotóxicos em células meristemáticas de A. cepa. Esses testes mostraram que a mistura dos herbicidas apresenta efeito tóxico mais evidente do que os herbicidas aplicados isoladamente, além de uma possível persistência desses produtos no ambiente edáfico. A análise de diferentes concentrações da mistura dos produtos, mostrou que mesmo em baixas concentrações (menores o que a indicada para aplicação no campo, pelo fabricante) já apresentaram potencial tóxicos, tanto nos testes de fitotoxicidade com alface, como nos testes de citogenotoxicidade com cebola. Por outro lado, nenhuma das concentrações testadas afetou negativamente a reprodução do colembolos. Nossos resultados indicam que os herbicidas imazetapir e flumioxazin, isolados e em mistura, podem causar danos tóxicos a organismos não-alvo, apresentando um potencial de risco ambiental. Provavelmente, existe uma interação sinérgica entre os princípios ativos dos herbicidas produtos, visto houve um acréscimo de toxicidade quando eles foram usados em mistura.