Acúmulo, distribuição e eliminação de ferro em três espécies vegetais do manguezal

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Arrivabene, Hiulana Pereira [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/148576
Resumo: A poluição por metais tem sido um dos principais problemas ambientais, tendo em vista a sua toxicidade, persistência no ambiente e bioacumulação. Os manguezais frequentemente são expostos a esses contaminantes, sendo o ferro um dos metais presentes em maior concentração no sedimento e com papel biogeoquímico importante quanto à precipitação e ciclagem de metais. Investigamos o acúmulo, a distribuição e a eliminação de ferro em Avicennia schaueriana Stapf & Leechm. ex Modenke, Laguncularia racemosa (L.) C.F. Gaertn. e Rhizophora mangle L. submetidas a diferentes concentrações de ferro. Para esse estudo, propágulos das três espécies estudadas foram coletados em campo e cultivados em meio nutritivo de Hoagland. Após o cultivo, as plantas foram submetidas a quatro tratamentos pela adição de 0 (controle), 10, 20 e 100 mg L-1 de Fe(II)SO4 no meio nutritivo. As plantas foram então coletadas, sendo realizadas análises químicas, anatômicas, histoquímicas e ultracitoquímicas. Parte dessas análises também foi feita em campo para comparação dos dados. Os resultados mostraram que a placa de ferro é local de grande acúmulo de ferro nessas plantas. L. racemosa foi a espécie que mais acumulou ferro em placa e raízes, enquanto A. schaueriana apresentou os níveis mais altos em caules e folhas. A bioacumulação de ferro em placa e raízes de L. racemosa aumentou progressivamente à medida que a concentração de ferro no substrato aumentou. A secreção de ferro por glândulas de sal ocorreu e foi fortemente inibida sob concentrações de ferro acima do controle em L. racemosa, enquanto em A. schaueriana não houve uma queda evidente entre controle e concentrações de ferro mais elevadas. Em geral, L. racemosa apresentou os menores fatores de translocação entre as três espécies estudadas. Com o aumento de ferro no substrato houve redução nos fatores de translocação de ferro entre partes aéreas e raiz e isso foi mais evidente em R. mangle. A maioria dos parâmetros analisados na anatomia radicular não mostrou diferença significativa entre os tratamentos. Os parâmetros que mostraram alterações foram espessura de raiz e córtex em A. schaueriana, com valores maiores em plantas controle, e espessura de raiz em L. racemosa, com valores menores em plantas expostas a 100 mg L-1. Para as três espécies estudadas, os principais locais de bioacumulação de ferro (Fe (II) e Fe (III)) em raízes foram principalmente a epiderme, mas também o córtex. A bioacumulação de ferro em caules e folhas foi diferente para cada espécie. Em caules, o câmbio vascular de L. racemosa e a periderme de R. mangle foram os principais locais de acúmulo. Por outro lado, em A. schaueriana não foi possível identificar os principais locais. Em folhas, o ferro foi detectado principalmente no parênquima aquífero de A. schaueriana e no xilema de L. racemosa. Ambas as espécies também mostraram acúmulo de ferro em glândulas de sal. Em R. mangle, a bioacumulação foliar de ferro ocorreu em diversos tecidos, sobretudo o parenquimático. Análises de material vegetal fresco, recém coletado em campo, mostraram que glândulas de sal de A. schaueriana e L. racemosa também exibem reação histoquímica positiva quando testada com o reagente de Perl, indicando acúmulo de ferro. Além disso, ultracitoquimicamente e usando o mesmo marcador específico, o ferro foi localizado em células secretoras, aderido à membrana de vacúolos e a plasmodesmas. Em ambas as espécies residentes em campo, a presença de ferro na secreção foi confirmada por meio de análise química. Ao nosso conhecimento, este é o primeiro estudo detalhado sobre a resposta de plantas de manguezal a concentrações crescentes de ferro sob condições controladas.