Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Conte, Marco Aurélio Abrão [UNESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/11449/214700
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Resumo: |
A vasta obra de ficção narrativa de José Saramago (1922-2010) tem já um número expressivo de estudos acadêmicos aquém e além das fronteiras do mundo em que se fala e escreve a língua portuguesa. Mas ainda que seja consensual o reconhecimento do forte teor político, de inspiração marxista, que caracteriza toda a sua produção literária, muito pouco se tem falado sobre duas searas de sua produção: as cinco peças de teatro, escritas sob o estímulo ou encomenda de produtores teatrais, e os textos de cunho jornalístico, também de teor político, que o autor redigia para os jornais em que trabalhou como editorialista e diretor. Pretendemos mostrar que esses artigos, publicados em Portugal na década de 1970 – antes e depois do calor da hora revolucionária do 25 de abril – e reunidos nos volumes A opinião que o Diário de Lisboa teve (1974) e Os apontamentos (1976), exerceram relevante influência sobre os textos de ficção dados à estampa no chamado período formativo do escritor e já prenunciam os grandes temas de sua mais madura narrativa. A própria dimensão ensaística, já amplamente reconhecida pela crítica, dos romances de Saramago parece remeter a esses escritos. Este trabalho propõese a tratar de uma parte esquecida da literatura saramaguiana, a sua dramaturgia, lendo-a à luz não só dos referidos textos jornalísticos, aqui tomados como eficientes catalisadores que permitem analisar e interpretar A noite, de 1979, mas também das teorias a respeito da estética teatral moderna – sobretudo, as de Peter Szondi e de Sarrazac – e dos Estudos Culturais – nomeadamente, os de Raymond Williams acerca da relação entre arte e sociedade – e, com isto, demonstrar como essa sua primeira peça, ao contrário do que afirmam os escassos textos a ela dedicados, apesar de distante das vanguardas teatrais do século XX, dialoga temática e formalmente com as questões do teatro moderno ocidental. A ação da peça se desenrola na redação de um jornal alinhado ao ideário fascista e compreende os momentos imediatamente anteriores à – e a própria – eclosão da Revolução dos Cravos. Suas personagens corporificam as complexas forças sociais envolvidas explícita ou veladamente no movimento que pôs fim a quase meio século do regime autoritarista em Portugal. Através da diluição de um eu épico na estrutura do texto dramático; de uma representação de personagens que, menos individual que coletiva, flerta com a alegoria e se esquiva do naturalismo; do esvaziamento da ação dramática em favor do movimento histórico; do estabelecimento de uma comunicação compulsória, que tensiona o isolamento humano; da colagem de textos e de outros procedimentos, Saramago revela-se um importante nome também do teatro moderno português, ainda que se tenha proclamado um dramaturgo acidental |