Comportamento higiênico em cupins com diferentes nidificações

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Silva, Luiza Helena Bueno da [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/151786
Resumo: A presença de cadáveres no interior dos ninhos dos insetos sociais pode propiciar a contaminação com patógenos e prejudicar a integridade da colônia. O comportamento higiênico frente a cadáveres é imprescindível na manutenção da homeostase do ninho, mas em cupins ainda é pouco conhecido. Assim, o objetivo do presente trabalho foi estudar o comportamento higiênico diante de cadáveres de diferentes origens em três espécies de cupins com distintos tipos de nidificação. O cupim de madeira seca Cryptotermes brevis vive no interior do próprio alimento, o cupim Cornitermes cumulans constrói ninhos epígeos e o cupim Coptotermes gestroi é subterrâneo e constrói ninhos polidômicos. Diferentes bioensaios foram realizados com colônias de C. brevis e C. cumulans, nas quais foram introduzidos cadáveres de operários da mesma colônia, de outra colônia e de outra espécie. Adicionalmente, bioensaios foram realizados com subcolônias de C. gestroi (grupos de 300 operários e 15 soldados), nas quais foram inseridos cadáveres de operários e soldados da mesma colônia, de outra colônia e de outra espécie mortos recentemente e há 24 horas. Os bioensaios foram filmados e as respostas comportamentais dos indivíduos próximos aos cadáveres foram registradas. O repertório comportamental de C. brevis diante de cadáveres incluiu antenação, agonismo, alarme, recuo, grooming e consumo dos mesmos. Ninfas e falsos-operários de C. brevis consumiram os cadáveres, independentemente, da origem dos mesmos, mas evitaram a ingestão das partes quitinosas da cabeça. Nesta espécie, o consumo de cadáveres, além de desempenhar função higiênica, parece ser uma estratégia de aquisição de nitrogênio e água. O casal real das colônias de C. brevis observadas não participou do comportamento higiênico. O repertório comportamental de C. cumulans incluiu diferentes atividades, tais como: antenação, agonismo, alarme, recuo, grooming, deposição de material fecal, enterro com solo e transporte do cadáver para o ninho. Nesta espécie, corpos de origem interespecífica e intercolonial foram cobertos com solo após grooming. Corpos de companheiros de ninho foram enterrados (60% das repetições), carregados para o ninho (30%) ou ignorados após serem submetidos ao grooming (10%), o que indica uma plasticidade comportamental em C. cumulans. Em subcolônias de C. gestroi o repertório comportamental incluiu atividades como: antenação, recuo, grooming, agonismo, alarme, deposição de solo e consumo integral ou parcial do cadáver. Soldados de grupos de C. gestroi não consumiram ou enterraram cadáveres. Corpos de operários de diferentes origens foram discriminados por subcolônias de C. gestroi, o que não aconteceu com cadáveres de soldados com tempo de post-mortem maior. Cadáveres de cupins de outras espécies e de outras colônias foram enterrados após grooming por grupos de C. gestroi, porém companheiros de ninho foram preferencialmente canibalizados. O caráter higiênico do comportamento de grooming em cadáveres juntamente com o isolamento físico por meio do enterro dos mesmos com solo colabora para a não dispersão de patógenos entre membros da colônia. Os resultados do presente trabalho mostram que os cupins realizam o comportamento higiênico em cadáveres de térmitas de diferentes origens, contudo este processo foi mais simples em C. brevis, cupim com nidificação do tipo “uma peça”. Nos cupins “múltiplas peças” tais como C. gestroi e C. cumulans, o comportamento higiênico foi mais complexo, com recrutamento de indivíduos, mostrando que o manejo de cadáveres é essencial para o desenvolvimento e homeostase destes ninhos.