"És o que fomos, serás o que somos": o processo de ressignificação dos espaços cemiteriais e das práticas funerárias

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Melo, Árife Amaral [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/181552
Resumo: A presente tese pretende interpretar os espaços cemiteriais e as práticas funerárias a eles relacionados, visando compreender a existência de um processo de ressignificação relacionado a ambos. Esse processo se dá a partir do que pode ser observado na maioria dos cemitérios tradicionais: visualmente, é possível observar que nesses cemitérios existe um contraste estético, no qual os jazigos mais antigos apresentam diversos elementos simbólicos e alegóricos relacionados a valores religiosos, ao passo que em jazigos mais novos esses elementos são cada vez mais raros ou simplesmente inexistem. Coube à pesquisa, através de visitas a alguns cemitérios em cidades do Estado de São Paulo e do Paraná, observar e identificar os elementos que permeiam esse contraste. Observou-se que não somente os espaços cemiteriais, mas também as práticas funerárias vinculadas a eles se encontram em constante mudança. Essas mudanças, impulsionadas pela secularização e pela racionalização, afetaram o significado do espaço cemiterial e das atitudes perante a morte, haja vista que até mesmo a visão que se possuía sobre a morte, antes norteada por valores religiosos, aos poucos é subjugada por uma visão de mundo racionalizada. Nesse sentido, surgem “cemitérios de novo tipo”, cuja configuração, de caráter tecnicista e racional, se estende às práticas funerárias, nas quais seu tecnicismo se aprofundou em detrimento dos aspectos ritualísticos religiosos. Como incremento a esse processo, existe a mercantilização das práticas funerárias, que aprofunda as formas de distinção social já existentes anteriormente, criando constantemente produtos e serviços direcionados aos enlutados, tratando-os como consumidores. Essa mercantilização, que se apropria da racionalidade da execução das práticas funerárias, uma vez comercializadas e terceirizadas, passam a coexistir com a religiosidade no que se refere à atenuação da dor da perda.