Utilização da bioimpedância multifrequencial na determinação do estado de hidratação e seu impacto em desfechos intermediários em diálise peritoneal

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Costa, Fabiana Lourenço [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/215123
Resumo: INTRODUÇÃO: Hiperidratação é comum nos pacientes com doença renal crônica tratados por diálise peritoneal (DP) e possui associação com o risco de morte cardiovascular. A avaliação da água corporal e de sua distribuição é um dos principais desafios no acompanhamento desses pacientes. A bioimpedância multifrequencial (BIAMULT), pelo monitor de composição corporal BCM (Fresenius Medical Care®), é uma das ferramentas que têm sido propostas para determinação da água corporal em pacientes dialíticos. Dessa forma, objetivou-se avaliar a BIAMULT como ferramenta complementar de controle hídrico em DP e seu impacto sobre desfechos intermediários cardiovasculares e inflamatórios, comparado ao controle baseado apenas na avaliação clínica associada à bioimpedância unifrequencial (BIAUNI). CASUÍSTICA E MÉTODOS: Estudo randomizado controlado de intervenção, em pacientes adultos prevalentes em DP, com seguimento de nove meses. Os pacientes foram divididos em dois grupos: CONTROLE e BIAMULT. A partir dos prontuários, foram obtidos dados demográficos, clínicos e dialíticos. Foram avaliados BIAUNI e BIAMULT, parâmetros laboratoriais, monitorização da pressão arterial de 24 horas, eletrocardiografia, ecocardiografia e velocidade de onda de pulso (VOP). No grupo BIAMULT, os dados de BIAMULT foram disponibilizados à equipe médica e puderam ser utilizados como base para prescrição. Os dados da BIAMULT não foram disponibilizados no grupo CONTROLE. RESULTADOS: Um total de 34 pacientes completaram os nove meses de seguimento, 17 pacientes em cada grupo. Houve diferença significante entre os grupos quanto ao controle hídrico, sendo que ao final do estudo o grupo BIAMULT apresentou maior proporção de pacientes com a relação do índice de hiperidratação pela água extracelular (OH/AEC%) ≤15% quando comparado ao grupo CONTROLE (94,1% vs 52,9%; p = 0,007). Houve diferença significante entre os grupos CONTROLE e BIAMULT quanto ao OH (2,1 ± 1,6 vs 0,9 ± 1,1 L; p = 0,019) e OH/AEC% (11,8 ± 8,9 vs 5,0 ± 7,1 %; p = 0,025) no momento final do estudo. O grupo CONTROLE apresentou aumento significante da concentração do fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) entre os momentos inicial e seis meses [11,9 (6,0 - 24,1) vs 44,7 (9,4 - 70,6) pg/ml; p = 0,011] e inicial e nove meses [11,9 (6,0 - 24,1) vs 39,4 (27,9 - 62,6) pg/ml; p = 0,013], bem como do fragmento N-terminal do peptídeo natriurético tipo B (NT-proBNP) entre o momento inicial e nove meses [239 (171,5 - 360,5) vs 356 (219 - 1555) pg/ml; p = 0,027]. Quanto aos parâmetros cardiovasculares, no grupo BIAMULT, houve redução significante da VOP radial [7,7 (6,9 - 9,2) vs 6,5 (5,5 - 8,4) m/s; p=0,012] e do débito cardíaco (5,5 ± 0,6 vs 4,9 ± 0,6 L/min; p = 0,015) em nove meses. No grupo CONTROLE, houve aumento significante da pressão arterial sistólica média central (106,8 ± 11,2 versus 117,6 ± 16,5 mmHg; p = 0,009) e da pressão arterial diastólica central (90,4 ± 9,8 versus 103,3 ± 12,5 mmHg; p=0,003) em nove meses. Em contrapartida, houve redução significante da massa ventricular esquerda (MVE) (204,5 ± 64,4 versus 190,4 ± 69,7 g; p = 0,028) e da MVE indexada pela altura (52,0 ± 15,0 versus 48,0 ± 16,0 g/m2,7; p = 0,011) nesse grupo. Quanto à MVE indexada pela superfície corpórea, houve redução significante no grupo CONTROLE (109,6 ± 30,8 versus 101,2 ± 28,9 g/m²; p = 0,010), assim como no grupo BIAMULT (107,7 ± 24,9 versus 96,1 ± 27,0 g/m²; p = 0,030) aos nove meses. CONCLUSÕES: Os resultados sugerem que a BIAMULT é superior como método auxiliar à avaliação clínica associada à BIAUNI quanto ao controle hídrico de pacientes em DP.