Efeitos dos corantes presentes na tintura capilar preta sobre células de bexiga humana

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Berreta, Michele Perisatto [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/153348
Resumo: Fazer uso de tinturas capilares é uma prática amplamente difundida por todo o mundo e, por isso, motivo de debate sobre os impactos que elas podem conferir à saúde humana. Essa preocupação se deve, além do fato das tinturas serem constituídas por diversos compostos, também por algumas delas possuírem corantes azo que são compostos que, ao serem reduzidos, liberam aminas aromáticas, que podem ser ainda mais tóxicas que os compostos originais. Tanto os corantes quanto seus derivados podem ser absorvidos pela pele e alcançar órgãos como a bexiga, onde podem representar um risco para o desenvolvimento de câncer. Frente a essa problemática, esse estudo teve como objetivo avaliar, na linhagem de células de bexiga (5637), a citotoxicidade, genotoxicidade, mutagenicidade e o potencial de indução de estresse oxidativo dos corantes Arianor Cherry Red, Arianor Sienna Brown e Arianor Ebony, utilizados na formulação da tintura capilar preta. Para avaliar a citotoxicidade pelo teste da resazurina, foram testadas concentrações entre 20 a 1,25 mg/L do corante Cherry Red, 400 a 18,75 mg/L do Sienna Brown, 3.200 a 3,75 mg/L do Ebony, 100 a 0,16 % dos corantes associados entre si e 0,31 a 0,03 % dos corantes associados entre si e com peróxido de hidrogênio. Dessas concentrações, foram escolhidas três com viabilidade celular acima de 80 % por tratamento: Cherry Red: 5,0, 2,5 e 1,2 mg/L; Sienna Brown: 100, 50 e 25 mg/L; Ebony: 10, 7,5 e 5 mg/L; associação entre corantes: 0,31, 0,26 e 0,16 %; e associação com peróxido de hidrogênio: 0,08, 0,06 e 0,04 %. Essas concentrações foram utilizadas para avaliar a genotoxicidade, mutagenicidade e as atividades antioxidativas das células. Pelo ensaio do cometa foi observado que todos os tratamentos tiveram efeito genotóxico significativo sobre as células de bexiga. Esse efeito foi confirmado pelo teste do MN em que foi observado um número significativo de pontes, para quase todos os tratamentos (com exceção da concentração de 5 mg/L do Cherry Red, 0,16 % da associação e 0,08 e 0,04 % da associação com peróxido de hidrogênio) e valores significativos de brotos para todos os tratamentos testados. O teste do MN ainda mostrou que foi encontrado um número significativo de micronúcleos para todos os tratamentos testados, indicando que todos eles têm potencial mutagênicos sobre as células de bexiga. Ainda pelo teste do MN foi possível observar que todos os tratamentos reduziram significativamente os índices de divisão celular. As defesas antioxidantes das células foram avaliadas pela atividade da enzima SOD e pelos níveis de GSH e TBARs. Os níveis enzimáticos da SOD foram significativamente maiores, em relação ao controle negativo, para a concentração de 1,25 mg/L do Cherry Red e para todas as associações com e sem peróxido de hidrogênio. Os níveis de GSH mostraram-se significativamente maiores para as concentrações de 5 e 1,25 mg/L do Cherry Red, 10 mg/L do Ebony, 0,16 % da associação e 0,06 e 0,04 % da associação com peróxido de hidrogênio e significativamente menores para as concentrações de 50 e 25 mg/L do Sienna Brown. Os níveis de TBARs foram estatisticamente maiores apenas para as concentrações de 50 mg/L do Sienna Brown, 10 e 7,5 mg/L do Ebony e 0,04 % da associação de corantes com peróxido de hidrogênio. Esses resultados indicam que, de forma geral, os corantes estudados têm potencial de danificar as células, tanto na ausência como na presença de peróxido de hidrogênio. Os efeitos tóxicos, genotóxicos, mutagênicos e indutores de estresse oxidativos foram observados para concentrações muito mais baixas que as presentes nas tinturas capilares. Essa ação danosa pode ser devida tanto a presença de estruturas azo como de aminas aromáticas derivadas da redução desses corantes. Os resultados desse estudo, além de trazer informações para uma melhor compreensão dos mecanismos de ação dos corantes, servem de alerta para consumidores e profissionais da área da estética, que se expõem, diariamente, a esses compostos.