Um estudo das modalidades do conto moderno sob a perspectiva de Edgar Allan Poe, Anton Tchekhov, Katherine Mansfield e Clarice Lispector

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Milani, Maria Alice Sabaini de Souza
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/180332
Resumo: A partir da matriz de conto criada por Edgar Allan Poe, os contistas Anton Tchekhov, Katherine Mansfield e Clarice Lispector criaram, em virtude do traço de originalidade de cada um, novas modalidades de conto moderno. O presente trabalho tem como objetivo estudar a contribuição dos autores selecionados para o desenvolvimento do gênero e a criação de novas modalidades do conto moderno, a partir de sua origem com Poe (conto de efeito), de seu desdobramento com Tchekhov (conto de atmosfera), da inserção do lirismo, da ênfase na dimensão subjetiva e na sutileza na linguagem com Mansfield e, por fim, da introdução da metatextualidade como um procedimento de escrita singular na contística Lispector. Para levar a cabo o nosso estudo, selecionamos alguns contos representativos do fazer literário dos três últimos contistas, a saber: “O beijo” escrito por Tchekhov; “The Swing of the Pendulum”, “Bliss”, “Garden Party”, escritos por Mansfield; “O triunfo”, “A imitação da rosa”, “Os desastres de Sofia”, “A quinta história”, “Explicação”, “O homem que apareceu”, “Por enquanto”, “Dia após dia”, escritos por Lispector. A escolha desse corpus deveu-se ao fato de que tais contos são significativos para a metodologia que norteará a pesquisa, uma vez que por meio desses contos é possível identificar os princípios estéticos criados pelos autores e realizados em sua produção contística, rompendo com a tradição, questionando a temporalidade e a causalidade convencionais, posto que, para tais contistas, com exceção de Poe, o tempo ficcional não se restringe ao tempo cronológico, mas se desprende dele para ligar momentos separados temporalmente, unindo-os em um único acontecimento capaz de proporcionar ao autor um conflito dramático significativo para a configuração de sua narrativa breve. Essa construção está presente na obra contística desses escritores, e proporciona ao leitor um envolvimento que se dá não apenas por meio da história narrada, mas também pelo enredo, que, como uma segunda história, se constrói nas estrelinhas pelos indícios daquilo que não é declarado, mas sugerido. A relação entre os procedimentos estéticos propostos pelos contistas (Poe, Tchekhov, Mansfield) em textos não ficcionais e a manifestação de tais procedimentos em seus contos será o ponto de partida para analisarmos de que modo uma certa teorização está presente na produção contística desses escritores. Entretanto, no caso de Lispector a reflexão sobre o escrever e o narrar se dá, diferentemente dos demais autores, pela inserção da metatextualidade na narrativa, procedimento que ela transforma num traço característico de sua contística, ou seja, em Lispector a “sistematização” da reflexão “teórica” se apresenta inserida no próprio desenvolvimento de seus contos. Desse modo, a nossa proposta de um estudo sobre essas modalidades do conto moderno, cuja ênfase recairá na metatextualidade do conto moderno clariciano, visa caracterizar as modalidades de conto realizadas por esses escritores, identificando, nelas, os traços de inovação em relação ao conto tradicional. Além disso, pretendemos identificar quais são as concepções teóricas sobre o gênero conto que tais escritores afirmam seja em sua contística, seja em outras modalidades de texto em que se evidencia uma reflexão sobre o narrar, o escrever, o fazer literário e a escrita de um conto.