Empresários, interesses e ação política: uma crítica da dominação gestionária

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Gini, Sérgio [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/204125
Resumo: O empresariado é um ator político, devidamente situado em um ambiente institucional e que interfere, de acordo com os padrões de justificação de sua ação coletiva, na vida política das cidades. Com base nesse pressuposto, estudamos a atuação do empresariado na cidade de Maringá, Paraná, a partir da organização do Conselho de Desenvolvimento Econômico - Codem, regulado por lei municipal em 1996, onde uma elite estratégica, recrutada na Associação Comercial local exerce o controle institucional e negocia politicamente com o poder público, fazendo de sua ação uma força produtora de consideráveis impactos nas variáveis sociais e econômicas do município a partir da elaboração de agendas políticas de desenvolvimento denominadas de Maringá 2020, Maringá 2030 e Maringá 2047. Essas agendas foram desenvolvidas a partir de técnicas de gestão empresarial passando a ser um modelo a ser seguido pelo Executivo de 1997 até os dias atuais. Este modelo de excelência na gestão é um contraponto à gestão pública e acabou alijando das discussões sobre o desenvolvimento econômico local outros atores que não fazem parte da elite dirigente, como por exemplo os movimentos sociais e o poder Legislativo. A tese que procuramos desenvolver é que em Maringá se estabeleceu uma forma de dominação gestionária, priorizando os interesses da elite empresarial em detrimento de outros projetos de cidade, buscando anular o conflito por meio do consenso institucional. Para a consecução dos nossos objetivos de análise utilizamos a teoria sociológica elaborada por Luc Boltanski, Laurent Thévenot e Ève Chiapello que consideram os modelos de justificação e legitimação das ações da elite empresarial baseada na Teoria das cités, cuja matriz analítica serve de referência para se construir um quadro com os principais valores, perfis e dispositivos que estão em jogo, nas situações em que se realizam as ações coletivas do empresariado, considerando que elas se estruturam em rede e visam, na opinião dos próprios empresários, à sua ampliação e aos benefícios para o bem da sociedade civil organizada. Desse modo, denominamos nesta tese a cité por Projetos como aquela que está estruturada em uma nova relação entre a cidade e as ferramentas de gestão, as mais variadas quanto possível, em ciclo marcado pelo tempo do mercado, o que impede investimentos críticos de outros atores sociais, uma vez que as políticas públicas de desenvolvimento econômico e social estão assentadas na lógica empresarial e concorrencial. Desenvolvemos ainda um aparato crítico, baseado no pensamento social de Boltanski, que desconstrói essa lógica apontando as assimetrias da dominação gestionária. Embora a pesquisa se estruture em um estudo de caso local, os projetos geridos pela elite estratégica de Maringá foram replicados em diversos outros municípios do Brasil tendo sempre o mesmo pano de fundo: a ação empresarial e a dominação gestionária.