Policiais em cargos políticos: o discurso policialesco no Instagram em tempos de crise democrática
Ano de defesa: | 2024 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | https://hdl.handle.net/11449/261365 http://lattes.cnpq.br/7248620814742018 |
Resumo: | A presente dissertação parte de um contexto sócio-histórico de polarização política e de crescente colapso contextual, tendo como fundamentação teórica conceitos como Comunicação para a Paz e Dignidade da Pessoa Humana para estudar a comunicação no Instagram de policiais que ocupam cargo de deputados na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Assim, o estudo inicia aprofundando-se em conceitos jurídicos científicos que fortalecem a democracia brasileira, evitando, de antemão, qualquer futura utilização da pesquisa de modo descontextualizado. Para atingir o objetivo de analisar a produção e propagação do discurso policialesco nas mídias sociais digitais de deputados de extrema direita do estado de São Paulo, a pesquisa ramifica-se em outros três objetivos específicos como: a) Identificar a relação entre a apropriação do discurso policialesco e os ataques à democracia, buscando visibilizar os resultados ocultos desta relação; b) Verificar os riscos e os abusos que envolvem direitos e garantias no âmbito da comunicação de massa no Estado democrático; e c) Interpretar a perspectiva do Jornalismo para Paz, no contexto dos Estudos para Paz (Peace Research), como contraponto ao discurso policialesco. Em sua fundamentação teórica perpassou por conceitos de dignidade da pessoa humana como fundamento da República Democrática e a sua aplicação em todas as esferas e por conceitos do campo de Direito à Comunicação; chegando aos estudos sobre a abordagem policialesca e a Comunicação para a Paz como meio para promover a justiça social e como uma lupa democrática para analisar exposições sensacionalistas. Conceitos de direitos humanos, propaganda fascista e suplício também foram explorados a fim de proporcionar uma análise mais apurada do corpus, além das ramificações dos conceitos de violência já presentes nos Estudos para a Paz. Desta forma, buscou-se instigar as necessárias reformulações estruturais sobre a atuação de políticos e candidatos que se apropriam dos métodos de espetacularização dos delitos, expondo seus efeitos nos direitos humanos e, por conseguinte, na democracia. Com isso, estabeleceu-se como procedimento metodológico a Hermenêutica de Profundidade e a Análise de Conteúdo, articulando uma análise sócio-histórica que contextualiza o atual cenário político polarizado e como se estruturou o caminho da nova escalada da extrema direita. Além disso, o estudo destacou a história do aparato policial no Brasil expondo alguns de seus métodos e o grupo que ele historicamente defende ou ataca. Definiu-se como período de análise entre o dia 26 de março até 7 de abril de 2024. O recorte temporal teve como base o fim da operação policial no litoral do estado de São Paulo, o qual foi denunciada pelos abusos e execuções sumárias na Organização das Nações Unidas. Como resposta desta denúncia, o governador do estado, Tarcísio de Freitas, disse aos jornalistas: “[...]Tô nem aí![...]”. Com isso, a pesquisa verificou que os abusos cometidos baseados na liberdade de expressão extrapolam as linhas constitucionais, criminalizam povos e corroem a democracia. O corpus analisado tem discurso preponderantemente focado em violência, produzindo colapso contextual e fortalecendo estigmas sócio-históricos que vitimizam principalmente pessoas pretas e pobres. O pânico moral e a desumanização do outro presente nos conteúdos analisados são capazes de construir inimigos da sociedade e impor, por exemplo, revitimização de pessoas que gestam fruto de abusos. A banalização de conceitos e instituições democráticas é peça chave no discurso do político policialesco para legitimar seu posicionamento ao impor dúvidas e descredibilização sobre instituições que existem para a garantia da democracia. |