Desenvolvimento da linguagem e ritmos biológicos de lactentes nascidos a termo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Silva, Giovanna Pietruci Junqueira Thomaz da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/214219
Resumo: Introdução: A linguagem é um sistema de alta complexidade que utiliza símbolos convencionais para expressar diferentes formas de comunicação e cujo desenvolvimento é influenciado por fatores genéticos, patológicos e ambientais. Dentre esses fatores, a qualidade do sono após o nascimento é necessária para desenvolver vários processos fisiológicos e mentais. Apesar da presença de distúrbios de sono já ter sido correlacionada com problemas de aprendizado e de linguagem em crianças e adultos, a qualidade do sono ainda não foi relacionada ao desenvolvimento de linguagem em lactentes. As causas dos distúrbios de sono nessa fase podem ser características intrínsecas de maturação dos ritmos biológicos ou ambientais. Objetivos: Investigar, aos 12 e 18 meses, em lactentes nascidos a termo, a relação entre o desenvolvimento da linguagem e parâmetros de ritmicidade biológica, considerando-se o tipo de aleitamento. Materiais e Métodos: Participaram do estudo 56 lactentes nascidos a termo com 12 meses de idade, de ambos os sexos. Estes participantes foram subdivididos em dois grupos: um grupo de lactentes amamentados exclusivamente até os 6 meses de idade (grupo AME) e um grupo com outras formas de aleitamento (NAME). Parte desses indivíduos participaram do estudo também aos 18 meses de idade. O desenvolvimento da linguagem foi investigado por meio da Escalas de Desenvolvimento Infantil de Bayley III, a investigação do sono foi realizada por meio do Breve Questionário Sobre Sono na Infância (BQSI), e a análise da melatonina salivar foi feita pelo método ELISA. Resultados: Quanto ao desenvolvimento da linguagem, a média de 11,4 ± 1,8 no escore de linguagem receptiva e de 9,5 ± 2,1 na linguagem expressiva encontrada aos 12 meses de idade está dentro do esperado para a idade e nenhum lactente apresentou escore abaixo do esperado para a idade tanto para linguagem receptiva quanto expressiva. Não houve diferença entre as médias dos grupos AME e NAME, embora os maiores escores individuais da linguagem expressiva tenham sido encontrados no grupo AME. Aos 18 meses a média encontrada foi de 13,6 ± 0,5 para a linguagem receptiva (dentro do esperado para a idade) e de 11,6 ± 1,7 para a linguagem expressiva (abaixo do esperado para a idade). Nesta idade nenhum lactente apresentou escore abaixo do esperado para a idade na linguagem receptiva e 100% apresentaram pontuação abaixo do esperado na linguagem expressiva. Não houve diferença entre as médias dos grupos AME e NAME, embora os maiores escores individuais da linguagem expressiva tenham sido encontrados no grupo AME. A análise do sono mostrou que os lactentes de 12 meses apresentaram em média 9,70 ± 1,4 horas de sono noturno, 2,8 ± 1,5 horas de sono diurno, somando 12,5 ± 1,7 horas de sono total. Aos 18 meses, o horário de dormir dos lactentes passou de 21:10 para 22:29 ± 0:95 h, e o tempo total de sono (dia+noite) passou de 12,5 ± 1,7h nos lactentes de 12 meses para 11,4 ± 1,3 h nos lactentes de 18 meses. Segundo o BQSI, 52 % dos lactentes dormem menos do que o esperado para a idade considerando ambas as faixas etárias (12 e 18 meses), sendo esse percentual menor no grupo AME (45%) do que no grupo NAME (63%). Além disso, quando comparados os dois momentos 12 e 18 meses 30% dos lactentes apresentaram diminuição e 70% não apresentaram alteração nas horas de sono dia e no tempo para adormecer e aproximadamente 40% apresentaram diminuição e 60% não apresentaram alteração no total de horas de sono, número de despertares a noite e tempo acordado a noite. Quanto a análise da melatonina, o grupo AME apresentou ritmo dia/noite e maior conteúdo noturno de melatonina, ao contrário do grupo NAME, aos 12 meses. A dosagem de melatonina aos 18 meses foi realizada em dois lactentes do grupo AME e demonstrou que nestes dois casos os ritmos dia e noite de melatonina se mantiveram nesses lactentes. Aos 18 meses houve relação entre qualidade de sono e linguagem, sendo que quanto mais tarde o lactente foi dormir pior foi o desempenho de linguagem expressiva. Conclusões: Os lactentes nascidos a termo apresentaram o desenvolvimento da linguagem e o sono esperado para a idade aos 12, mas não aos 18 meses onde apresentaram atraso no desenvolvimento da linguagem expressiva e menos horas de sono do que o indicado para a idade. Quanto mais tarde foi o horário em que o lactente adormeceu, pior foi o desempenho de linguagem expressiva nessa condição. Os lactentes aos 12 meses de idade, amamentados exclusivamente até os 6 meses de idade apresentaram ritmo dia/noite no conteúdo de melatonina salivar, maior concentração noturna, menor percentual de problemas de sono e melhores escores de desenvolvimento de linguagem do que lactentes que receberam outras formas de aleitamento.