Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Clempi, Camila Bordonal [UNESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/11449/182464
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Resumo: |
Este trabalho sociolinguístico tem como objetivo investigar o papel do gênero feminino no processo de mudança nas formas de expressão de tempo futuro (futuro sintético e futuro perifrástico) no português brasileiro escrito do século XX. Segundo Labov (1990, 2001), quando se trata de implementar uma variante inovadora na língua, são as mulheres as líderes do processo de mudança; é o que parece acontecer, por exemplo, com o fenômeno em estudo (GIBBON, 2000; OLIVEIRA, 2006). Considerando que, no português brasileiro contemporâneo, o futuro perifrástico (IR no presente + infinitivo) suplantou o uso do futuro sintético (BRAGANÇA, 2008; TESCH, 2011; ALMEIDA, 2015), não é possível avaliar o condicionamento do gênero, uma vez que a atuação social do gênero se mostra mais saliente em estágios iniciais e intermediários de mudança linguística. Nesse sentido, remontando às bases da pesquisa sociolinguística e ao papel das mulheres na implementação de uma variante inovadora, verificamos como a liderança feminina se estabelece quanto ao uso de futuro perifrástico em sincronias pretéritas (décadas de 1920 e início de 1970). Levando em consideração que a mídia tem papel fundamental na representação ideológica de grupos de indivíduos, em especial na construção social de gênero, utilizamos como corpora de análise cartas publicadas na revista A Cigarra, voltada ao público feminino. Para verificar efeitos do gênero feminino, comparamos e confrontamos os resultados obtidos com os dados de outros corpora, o que denominamos ser nosso “grupo controle”, as cartas dos jornais A Gazeta e Correio da Manhã, cujos leitores alvos não são especificados. À luz dos preceitos teórico-metodológicos da Sociolinguística e da Teoria da Variação e Mudança (WEINREICH, LABOV e HERZOG, 2006 [1968]; LABOV, 2016 [1972]), empreendemos a análise quantitativa com suporte da plataforma R (CORE TEAM, 2019). No total, levantamos 1.105 dados, distribuídos entre as décadas de 1920 e 1970 e entre as cartas da revista e do grupo controle. Conforme os resultados alcançados indicam, na sincronia de 1920, o futuro perifrástico, embora apareça na modalidade escrita, é incipiente nos diferentes corpora; entretanto, os resultados relativos aos dados do início da década de 1970, apesar da predominância da variante conservadora, mostram um aumento do uso da variante inovadora, sobretudo na revista. Sugerimos, com base nas análises, o início da implementação do futuro perifrástico nos anos de 1920, tornando-se mais recorrente nos anos de 1970 em textos escritos, de modo que o processo de mudança é mais favorável no contexto de publicação feminina (cartas de leitoras d’A Cigarra). Destacam-se como fatores relevantes para a compreensão do fenômeno e para responder ao problema de pesquisa: (i) a ausência de marca de tempo futuro fora do verbo nos anos de 1920; (ii) a primeira pessoa do discurso, os enunciados negativos e o tema da carta que expressa drama pessoal nos anos de 1970. As análises estatísticas, por meio dos corpora, portanto, permitem-nos oferecer evidências importantes para a discussão dos efeitos do gênero feminino na mudança linguística. |