Desreplicação dos extratos ativos de Cyrtocymura scorpioides (Asteraceae) contra Candida spp. e Trichomonas vaginalis

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Camargo, Júlio Gabriel Sanches de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/194314
Resumo: Cyrtocymura scorpioides (Lam.) H. Rob., sinonímia Vernonia scorpioides (Lam) Pers, é uma planta medicinal da América do Sul, sendo utilizada, popularmente, para o tratamento da leucorreia, principal sintoma associado a candidíase vulvovaginal e tricomoníase, que são as doenças causadas por espécies de Candida e Trichomonas vaginalis, respectivamente. C. scorpioides é conhecida popularmente como “piracá”, “erva-de-São-Simão”, “capixingui” e “enxuga” e pertence à família Asteraceae, uma das maiores famílias de angiospermas. Os metabólitos bioativos comumente encontrados em espécies do gênero Cyrtocymura, pertencem às classes das lactonas sesquiterpênicas, poliacetilenos, flavonoides, triterpenoides e esteroides. No presente estudo avaliou-se as atividades antifúngica e antiprotozoária de seis extratos a partir das folhas e caules de C. scorpioides, obtidos em diferentes solventes (hexano, acetona e etanol) contra cinco espécies de Candida (cepas da American Type Culture Collection e isolados clínicos) e uma cepa ATCC de T. vaginalis. Para verificação da atividade antifúngica dos extratos, foram determinados os valores de Concentração Inibitória Mínima (CIM) e Concentração Fungicída Mínima (CFM). Para a atividade contra T. vaginalis foi determinada a Concentração Inibitória para 50% dos trofozoítos (CI50) dos extratos que apresentaram viabilidade inferior a 30%, ensaiados a 1000 μg/mL. Todos os extratos foram ativos contra pelo menos três espécies de Candida e seus isolados clínicos (CIM ≤ 1000 μg/mL). O extrato acetônico de caules foi o mais fungitóxico com valores de CIM e CFM entre 125 e 250 μg/mL contra C. albicans (ATCC 64548 e IC001), C. krusei (IC 5772) e C. glabrata (ATCC 2001 e IC 041). Contra T. vaginalis os extratos hexânico e acetônico de caules exibiram baixa viabilidade (< 5%) e valores de CI50 de 0,09 e 0,50 μg/mL, respectivamente. A fim de estudar o perfil químico dos extratos acetônicos de caules e folhas de C. scorpiodes e identificar as substâncias responsáveis pela bioatividade, foi criado uma rede de moléculas a partir de dados espectrais obtidos por Cromatografia Liquída de Ultra Eficiência acoplada a espectrometria de massas de alta resolução (UHPLC-HR/MS). Essa rede de moléculas foi comparada com uma base de espectros de produtos naturais in silico com ponderações taxonômicas. Desta forma 2112 espectros de MS/MS foram organizados em 183 clusters em que foram identificados 1071 substâncias pertencentes a 38 classes químicas. Os clusters MN1 ao MN9 foram selecionados para estudo por conterem, em sua maioria, lactonas sesquiterpênicas e poliacetilênicas. A substância 2 (13-acetilsolstitialina A) identificada no MN1 foi previamente isolada de Centaurea solstitialis (Asteraceae), por outros autores, e apresentou atividade contra C. albicans e C. parapsilosis (CIM = 64 µg/mL). A atividade antifúngica de 2 sugere que essa substância pode ser responsável pela atividade antifúngica de C. scorpioides. Dessa forma, os resultados biológicos e químicos corroboram o uso popular de C. scorpioides contra patógenos causadores de leucorreia e outros sintomas relacionados a doenças ginecológicas.