Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Cruz, Artur Ribeiro [UNESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/11449/235247
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Resumo: |
O presente trabalho se propõe a mostrar uma possível rede de sentidos que interligam literatura, televisão e sociedade. Por meio da figura do pacto diabólico, como elemento de unidade interpretativa do processo e do produto de uma adaptação, analisa-se o romance Grande Sertão: Veredas, publicado em 1956 por João Guimarães Rosa, e sua recriação em formato televisivo na minissérie homônima, com direção-geral de Walter Avancini, exibida em 1985, reprisada em 1998 e 2017, e disponível em versão digitalizada desde 2010. A perspectiva aqui adotada sugere haver uma tensão entre noções de gêneros narrativos no concurso entre a forma romanesca e as ficções seriadas audiovisuais – especificamente a minissérie –, buscando respostas, nos limites do objeto escolhido, que integrem a apreensão estética à compreensão histórico-social dessas produções culturais. Para fins de abertura analítica, foram mobilizados trabalhos de Candido, Lukács e Frye. Quanto ao texto literário, apresenta-se a hipótese de que o universo imaginário dá forma artística à consciência geracional de um grupo de intelectuais modernistas, que, no afã de trazer o povo brasileiro para o centro da ocupação política e cultural, mediante as utopias de integração nacional, desenvolvimento e coesão social, acabam pactuando com a estrutura burocrática do poder do Estado republicano. Tal compreensão se apoia conceitualmente em Goldmann e Dewey e, de modo mais específico, nos estudos de Bolle. Nesse sentido, o Grande Sertão é lido como a realização literária monumental de um projeto utópico de Brasil que acaba por revelar uma cisão entre algumas propostas modernistas e sua implementação no plano da realidade material do país por conta da mediação das estruturas degradadas de poder do Estado – a serviço dos interesses mais imediatos das camadas dominantes – com as quais esse projeto faz um pacto. Para essa instância interpretativa, propõe-se um diálogo com Viana, Holanda, Fernandes e Hirano. Quanto ao texto audiovisual, para cuja abordagem foram pertinentes os estudos midiáticos de Machado e os de adaptação de Stam e Hutcheon, a minissérie resulta de uma releitura artística que, na dialética entre o formato industrial e a ruptura com os padrões discursivos dos gêneros ficcionais da televisão brasileira, transfigura problemas que permearam a abertura política e a redemocratização do país em meados da década de 1980. Assim, o objetivo de demonstrar as questões acima teve como eixo a figura do “pacto com o diabo” em várias camadas de análise. O processo de reabertura política, em cujo contexto histórico-social estão inseridas a produção e a exibição da minissérie, pode ser compreendido como pacto demoníaco, em outras palavras, como a reiteração de um falso contrato social, pois o retorno à democracia manteve o poder nas mãos de grupos que se rearranjam para manter o Estado como extensão de sua propriedade. Desse modo, a interpretação do pacto de Riobaldo com o diabo, associada à análise da adaptação como pacto dos realizadores com o meio institucional (a emissora) e com o público heterogêneo da tevê, visa compreender a forma com que a narrativa televisiva transforma conteúdos da realidade social em elementos estéticos da minissérie. |