Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Destri, Alana [UNESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://hdl.handle.net/11449/254864
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Resumo: |
A memória em si não foi um objeto de estudo privilegiado no complexo teórico do Círculo de Bakhtin. Suas obras abrem espaço, no entanto, para a pavimentação de interessantes caminhos para uma perspectiva bakhtiniana da memória. Em virtude disso, este trabalho objetiva dois pontos principais. O primeiro justifica-se nos desdobramentos dessa reflexão a fim de solidificar e avançar os estudos na área. Em caráter ensaístico de discussão teórica, pretendeu-se, assim, desenvolver e ampliar as possíveis contribuições do Círculo de Bakhtin para uma abordagem dialógica da memória, de constituição e funcionamento discursivo. A cultura, segundo o autor, é composta por três grandes campos indissolúveis: a cognição, a ética e a estética. Levando isso em consideração, assumimos a rememoração como ato cultural responsável e responsivo que tem como produto uma memória construída axiologicamente. Cada memória é fruto, portanto, de um posicionamento valorativo único e irrepetível sobre determinado evento. Tal fenômeno pressupõe a elaboração de linguagem situada pela qual se desenvolve, em (re)criação autoral, uma realidade isolada e reorganizada do passado em que, a cada rememoração, é enriquecida esteticamente pelas vozes do presente e suas projeções de futuro. Nesses termos, o lugar da memória é na fronteira da vida vivida (em potencial, inacabada no mundo ético) com a vida contemplada (pensada e enformada esteticamente em memória). Entendemos que essa fronteira é chave para conceber a memória como viva, como criação e recriação de ininterruptas relações dialógicas – uma concepção que valoriza a memória na sua capacidade de manter e potencializar, pelo diálogo inconcluso, a existência singular e social do sujeito no mundo unitário da vida e da cultura. O segundo objetivo foi valer-se do avanço teórico proporcionado pelo objetivo anterior para observar e discutir em análise dialógica do discurso as implicações do discurso da memória dentre a vida vivida e a vida contemplada. Para esse propósito, utilizamos como corpus os enunciados de sujeitos ex-soviéticos encadeados em memória literária pela laureada autora belarussa Svetlana Aleksiévitch em O fim do homem soviético. Esta tese apresenta os resultados da investigação sobre como a memória dialógica, na qualidade de fenômeno discursivo fronteiriço entre os domínios da cultura, dispõe de elementos estéticos para constituir a autoria da identidade (forma espaço-temporal) de si e a do outro em resposta ao mundo ético; sobre a influência que as narrativas recorrentes, pelo cordão enunciativo da memória dialógica, têm em pavimentar meandros identitários russo-soviéticos; e sobre a percepção axiológico-temporal do sujeito ex-soviético que a autora tece na arquitetônica de sua memória literária. |