Teclas paralelas: a dimensão literário-musical em Os teclados, de Teolinda Gersão

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Caretti, Ana Carolina da Silva [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/94158
Resumo: As confluências e as rupturas dos gêneros literários, às quais os textos contemporâneos estão submetidos, bem como a dissolução de várias categorias narrativas são observadas na obra Os teclados (1999), de Teolinda Gersão, que nos permite identificar uma forte relação entre duas vertentes da expressão artística: a música e a literatura. Tendo em vista que tal relação se dá, de uma maneira visível, por meio da comparação entre os teclados do piano e do computador, uma análise mais profunda levanos a uma dimensão metaficcional, em que o texto se auto-referencia, se auto-questiona. A música seria, então, um artifício utilizado em favor de se afirmar o processo de elaboração literária do texto. E por conta da forte presença de sons na narrativa, enveredamos pelas vozes do texto, estabelecendo paralelos entre as personagens e as notas musicais. A inserção, no texto literário, de aspectos peculiares ao universo musical constitui-se como uma presença que ecoa significativamente e que vai além do nível temático, manifestando-se também no nível estrutural. Identificam-se esses ecos musicais em trechos da narrativa que lembram o tenuto, indicação de que uma nota ou acorde deve ser prolongado por tempo indeterminado, ou o staccato, toque de uma nota de maneira rápida e destacada das demais. Neste trabalho, refletimos também sobre a atuação do leitor na narrativa contemporânea, tendo em vista que textos que focam o seu próprio processo de construção artística requerem a participação ativa desse leitor, que opera de forma semelhante à de um co-criador, uma vez que ele precisa se envolver, intelectual e imaginariamente, na “recriação” do texto. O leitor é, portanto, chamado a se infiltrar nos meandros da rede ficcional, que trama seus fios, em Os teclados, com os sons do piano, dando origem a um concerto de palavras e notas musicais, linha melódica que se espraia ocupando o espaço da página em branco.