A maldição de Eva: vozes femininas nos romances A dança dos cabelos, Sombras de julho e O vestido, de Carlos Herculano Lopes

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Braff, Roseli Deienno [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/138312
Resumo: Este trabalho investiga como se materializa textualmente a relação dialógico-polifônica entre as vozes femininas dos romances A dança dos cabelos (2001), Sombras de julho (1994) e O vestido (2006), do escritor mineiro Carlos Herculano Lopes, além de interpretações significativas colhidas nos estudos de gênero das três obras. Em razão da ainda pouca visibilidade do autor objeto deste trabalho, o primeiro capítulo apresenta informações pautadas, sobretudo, em fortuna crítica extraída de textos jornalísticos, bem como a contextualização do escritor na História e na literatura brasileira. Em seguida, realiza-se a apresentação das obras do corpus, além de uma síntese das principais linhas teóricas utilizadas. O segundo capítulo dedica-se à análise das vozes em perspectiva dialógica e, também, a um universo ficcional essencialmente masculino, conjugando a violência de classe, aquela que derrama sangue pela posse da terra, e a violência de gênero, a posse do corpo feminino. O terceiro capítulo analisa um universo essencialmente feminino: a violência contra a violência: ação e reação – a vingança e a submissão; o direito à voz e à escrita, bem como o direito à memória, e o ato dessacralizador das tradições ficcionalmente construídas, além da representação como confirmação e denúncia de uma violência instituída, aqui tornada matéria ficcional. Na fundamentação teórica básica, utilizaram-se os conceitos de dialogismo e polifonia desenvolvidos por Bakhtin, essencialmente em Problemas da poética de Dostoievski (2005). A voz do narrador e a percepção do focalizador são analisadas com base no Discurso da narrativa, de Genette (1995). Devido ao corpus, que recorta três obras cujas narradoras são mulheres, e a própria escolha temática, utilizaram-se algumas teorias dos estudos de gênero aplicados ao discurso literário, tais como a noção de gênero e de patriarcado, a partir do pensamento de Kate Millet (2010), Elaine Showalter (1994), Sandra M. Gilbert & Susan Gubar (1998) e Joan Scott (1990). No levantamento diacrônico da história de luta das mulheres, paralelamente ao desenvolvimento da crítica feminista, utilizaram-se obras pautadas pelas reflexões teóricas de Amelia Valcárcel (2005) e de Constância Lima Duarte (2003), que apresenta uma proposta de compreensão do movimento feminista no Brasil. Das análises formais, às interpretações baseadas nos estudos de gênero, confirma-se a hipótese de que a multiplicidade de vozes presentes nas narrativas estudadas concretiza-se no que Bakhtin (2005) batizou de romance polifônico. Lopes posiciona-se, implicitamente, diante desse sonoro coro e denuncia o universo trágico do patriarcado mineiro, cuja engrenagem frequentemente subjugou a mulher.