Farmacogenética no retratamento da hanseníase

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Bertoluci, Daniele Ferreira de Faria
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11449/252989
Resumo: A hanseníase é uma doença infecciosa, causada pelo Mycobacterium leprae, com manifestações dermato neurológicas. Em torno de 200.000 novos casos da doença são detectados anualmente no mundo, e o Brasil é o segundo país em número de casos. O tratamento preconizado é o esquema poliquimioterápico (PQT) composto por dapsona (DDS), rifampicina (RFP) e clofazimina (CLO). Apesar da efetividade da PQT em reduzir os índices epidemiológicos da doença, casos de recidiva e de falência terapêutica tem sido motivo de preocupação para Organização Mundial da Saúde (OMS) e para o Ministério da Saúde do Brasil (MS), que recomenda a investigação de fatores associados à necessidade de retratamento em hanseníase. Dados revelam variabilidade interindividual de dez vezes nos parâmetros farmacocinéticos da RFP, o que pode impactar no sucesso da terapia contra a hanseníase. No entanto, não há investigação sobre mecanismos relacionados ao hospedeiro que contribuam com as taxas de retratamento. Uma vez que a resistência do bacilo aos fármacos utilizados na PQT explica menos de 15% dos casos de recidiva detectados no Brasil, é essencial a busca pelo esclarecimento das causas de retratamento. Assim, esse trabalho teve como objetivo investigar a associação de variantes nos genes ABCB1; SLCO1B1; SLCO1B3; CES2; PXR; VDR; AADAC, NAT2, CYP2A6, CYP2C8, CYP2C9, CYP2E1 e CYP3A4 com o desfecho retratamento em hanseníase. O estudo apresenta um desenho caso-controle composto por 128 casos de retratamento e 57 casos de hanseníase MB com sucesso terapêutico no primeiro esquema de 12 ciclos de PQT finalizado há pelo menos cinco anos, provenientes do Estado de São Paulo. As análises de associação foram feitas por modelo de regressão logística multinomial, com ajuste dos dados pelas covariáveis sexo e etnia. A análise de associação foi realizada para 146 SNVs que obedeceram aos critérios de análise, ou seja, frequencias do alelo menor (MAF – minor allele frequency) maior do que 1% e distribuição de acordo com o equilíbrio de Hardy Weinberg. Os dados obtidos demonstram associações importantes de marcadores nos genes, ABCB1 (rs2235013, rs2235033, rs2235074, rs2032582), SLCO1B3 (g2087618) e CYP2E1(2070676 e 2070677) com o desfecho terapêutico em hanseníase. Além desses, outras variantes nos genes VDR, SLCO1B1, SLCO1B3, ABCB1; AADAC e CYP2E1 tiveram marcadores associados, mas estas associações não se mantiveram após a correção por múltiplos testes. Esse estudo é pioneiro na investigação ampla da contribuição da farmacogenética para os desfechos da terapêutica da hanseníase. Assim, os dados produzidos acrescentam informações de relevância para a melhor compreensão do papel da farmacogenética no retratamento da hanseníase. Além disso, estes contribuirão com os bancos de dados públicos sobre as frequências em brasileiros de variantes em genes responsáveis pelo metabolismo da grande maioria dos fármacos.