Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2017 |
Autor(a) principal: |
Pereira, Bruno [UNESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/11449/150508
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Resumo: |
A partir dos estudos queer, busquei investigar a obra Symphony of Erotic Icons do fotógrafo brasileiro Alair Gomes (1921-1992). Engenheiro de formação, Alair transitou por diversos campos, como a escrita de diários íntimos, a Filosofia da Ciência e a crítica de arte, entre outros, tendo seu encontro com a fotografia se dado somente na década de 1960. O foco de seu trabalho fotográfico é o corpo masculino, sendo considerado o precursor na abordagem do homoerotismo na fotografia brasileira. Embora tenha se dedicado ao trabalho com a fotografia por mais de duas décadas, constituindo uma obra de dimensões exorbitantes, com 15 mil fotos e 150 mil negativos, Alair fez parte de um rol de artistas cuja invisibilidade impediu que ele se tornasse contemporâneo de seu próprio tempo. A escolha de Alair nesta pesquisa justifica-se pela relevância deste artista na fotografia, mas também por contemplar temas importantes para a Psicologia, tais como o corpo e o erotismo, em especial o masculino, foco desta investigação. O objetivo geral dessa pesquisa foi explorar como se dão os processos de construção do erotismo e das corporalidades masculinas na Symphony of Erotic Icons e cartografar os elementos de uma possível dissidência em relação à heterossexualidade compulsória vigente na época. Realizada nas décadas de 1960 e 1970, a Sinfonia é um conjunto de 1.767 fotos de nus masculinos. Alair dividiu a sequência em 5 partes: Allegro, Andantino, Andante, Adágio e Finale. Sua motivação para criação da Sinfonia é o fascínio com o corpo masculino, sendo a obra, em sua visão, uma forma de homenageá-lo. O título e a forma como nomeou cada uma de suas partes faz uma alusão à linguagem musical. Contudo, com tal associação, que poderia ser entendida com o intuito de enobrecer a sequência, dando-lhe um caráter de grandeza, Alair não pretende obnubilar o caráter erótico da Sinfonia, muitas vezes, associado à pornografia. Como também o fez em relação ao cinema, como evidenciado em seus escritos sobre a obra, tal aproximação têm o objetivo de estruturar a imensa quantidade de imagens que compõe a Sinfonia. Ao trabalhar com múltiplas imagens, seu desejo é contrapor-se à tradição pictórica que marcou a história da fotografia, conferindo a imagem única, tal como ocorre na pintura, um destino comum na tradição fotográfica. O grande acúmulo de imagens torna a fruição da obra extenuante e esse era mesmo um dos objetivos de Alair, fazer da Sinfonia uma espécie de teste para o espectador, ver quem atravessava. Alair propõe uma experiência com o corpo masculino que desata os códigos e convenções tradicionalmente associados à masculinidade como signos de virilidade, dominância, violência. Performances masculinas que não se contrapõe, nem obliteram a feminilidade. Mais do que nunca, necessitamos de masculinidades não hegemônicas, não virulentas. A obra de Alair Gomes é uma aliada nesse processo e pode nos ajudar nas reinvenções da cartografia do presente. Assim, essa pesquisa buscou somar-se aos esforços de ativação de sua obra, em detrimento daqueles que buscam anestesiar as potencialidades de reinvenção das masculinidades convocadas pela Sinfonia. |