Eficácia da associação do tramadol aos antieméticos antagonistas do receptor da serotonina no tratamento da dor aguda pós-operatória: revisão sistemática e metanálise

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Lima, Vinicius Sepúlveda [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/150411
Resumo: Introdução: A dor é um dos sintomas mais prevalentes relatados pelos pacientes e representa um significativo problema de saúde em todo o mundo, porque afeta a qualidade de vida. Tramadol é uma escolha racional para o manejo da dor no cenário pós-operatório. Entretanto, há um aumento do risco de náuseas e vômitos com o tramadol quando doses maiores são rapidamente injetadas. Por essa razão, um antiemético é frequentemente prescrito em associação com o tramadol. Entre esses fármacos, os antieméticos antagonistas do receptor da serotonina (AARS)  ex: ondansetrona, dolasetron, granisetron, etc  são opções de tratamentos bem estabelecidos, que podem ter valor especial na redução da êmese associada ao tramadol. Ambas as drogas atuam via serotonina (5-HT). Os AARS são antagonistas do receptor da 5-HT, enquanto o tramadol é um inibidor da recaptação e aumenta a liberação deste neurotransmissor. A coadministração desses fármacos pode influenciar as suas cinéticas. Objetivo: Avaliar a relação risco/benefício do uso do tramadol em conjunto aos antieméticos antagonistas da serotonina para tratamento de dor e náuseas e vômitos pós-operatórios (NVPO), em adultos, por meio de revisão sistemática da literatura. Tipo de estudo: revisão sistemática e metanálise de ensaios clínicos randomizados. Estratégias de busca: Foram pesquisadas as bases de dados Medline, CENTRAL, Embase e Lilacs. A última busca foi em 30 de dezembro de 2015. Critério para a seleção dos estudos: Foram incluídos ensaios clínicos que avaliaram qualquer interação dos AARS na eficácia analgésica do tramadol e os efeitos deste último na eficácia antiemética dos AARS no manejo da dor aguda pós-operatória, em adultos. Análise e coletas de dados: Dois revisores selecionaram independentemente os estudos relevantes, avaliaram a qualidade metodológica e extraíram os dados. Calculamos o risco relativo (RR) e o número necessário para o tratamento (NNT). Também coletamos informações sobre efeitos adversos. Resultados: Treze estudos foram incluídos com um total de 899 participantes. Fomos capazes de incluir os dados de 510 participantes de sete estudos na metanálise. Os resultados obtidos dos ECR sugerem um aumento significativo no consumo de tramadol com ondansetrona quando comparado a solução salina em todos os períodos estudados, especialmente na décima segunda hora (Diferença de médias (DM) 182,46, 95% Intervalo de Confiança (IC) 137,85 a 227,07; p < 0,00001). Além disso, há um possível aumento na necessidade de resgate antiemético nos pacientes que receberam a solução salina quando comparado a ondansetrona (Risco relativo (RR) 0,61, 95% IC 0,37 a 1,01; p = 0,05). Na comparação dos AARS com outros antieméticos, houve maior consumo de tramadol na associação com AARS nos momentos 4, 12 e 24 h (DM (4h) 29,12, 95% IC 21,83 a 36,42; p < 0,00001). Houve melhor desempenho na prevenção de NVPO dos AARS quando comparados com outros antieméticos, especialmente a metoclopramida (RR (8h) 0,13, 95% IC 0,02 a 0,7; p = 0,02). Conclusões: Existe evidência de qualidade moderada a baixa de pequenos estudos que mostram uma possível interação entre dos AARS no efeito analgésico do tramadol no manejo da dor aguda em adultos. Embora o efeito antiemético profilático da ondansetrona pareça permanecer o mesmo com o uso concomitante com o tramadol, este último parece perder a sua eficácia analgésica no manejo pós-operatório da dor, em adultos. Esta revisão ressalta a necessidade de estudos bem conduzidos sobre o tema, utilizando uma estratificação dos pacientes de acordo ao número de fatores de risco para náuseas e vômitos pós-operatórios que cada paciente possui. Seria de extrema importância se os períodos de avaliação fossem padronizados, nos tempos: 0, 4, 8, 12 e 24 horas após a cirurgia.