Identificação molecular de tubarões e raias da costa brasileira: uso do DNA Barcode na conservação de recursos genéticos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Ribeiro, Giovana da Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
COI
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/217893
Resumo: Os tubarões e raias, organismos que compõem a infraclasse Elasmobranchii, são peixes cartilaginosos que são representados no Brasil por 163 espécies descritas. Geralmente são caracterizados por apresentarem particularidades biológicas como crescimento lento, maturidade tardia e baixa fecundidade, tornando essas espécies sensíveis a efeitos antrópicos. Aproximadamente 32,5% dessas espécies estão sob ameaça e isto ocorre principalmente devido a fatores como perda de habitat e sobrepesca. Algumas espécies de tubarões e raias se enquadram em um grupo biológico de difícil identificação taxonômica, principalmente envolvendo espécies congêneres que podem apresentar características morfológicas similares e com isso, apresentam inconsistências na identificação. O uso da ferramenta molecular de análise pelo DNA Barcode possibilitou a construção de um banco de dados, gerando um sistema global para a bioidentificação das espécies. Considerando o déficit de dados genéticos e de informações sobre a biodiversidade dos Elasmobranchii encontrados na costa do Brasil, o presente estudo teve como objetivo principal a identificação molecular dos integrantes deste grupo. Foram utilizadas 240 amostras de tubarões e raias coletados em diferentes localidades da costa brasileira que se encontram depositadas na coleção do Laboratório de Biologia e Genética de Peixes. Os resultados das análises utilizando o gene mitocondrial COI, permitiram a identificação molecular de representantes de 20 espécies de tubarões pertencentes às famílias Carcharhinidae (n = 51), Sphyrnidae (n = 11), Squalidae (n = 44), e Squatinidae (n = 1); e mais 10 espécies de raias pertencentes às famílias Aetobatidae (n = 3), Dasyatidae (n = 45), Gymnuridae (n = 3), Mobulidae (n = 1), Rhinopteridae (n = 32), Arhynchobatidae (n = 1), Rhinobatidae (n = 18). As análises realizadas permitiram determinar as distâncias interespecíficas entre tubarões, com valores de 3,7% entre as espécies Carcharhinus brevipinna e Carcharhinus obscurus e também entre Centrophorus granulosus e Centrophorus squamosus, com a maior distância de 29,8% observada entre C. squamosus e Isurus oxyrinchus. Os valores de distâncias genéticas intraespecíficas variaram entre 0 a 0,90%, sendo que o maior valor encontrado para a espécie I. oxyrinchus. Entre as raias, as distâncias genéticas interespecíficas variaram de 5,4% entre as espécies Fontitrygon geijskesi e Hypanus guttatus a 28,3% entre Pseudobatos horkelii e Aetobatus narinari, enquanto as distâncias genéticas intraespecíficas revelaram valores entre 0,10% para Atlantoraja castelnaui e Hypanus guttatus e o maior valor encontrado foi de 0,80% para a espécie Dasyatis sp. Entre todas as 30 espécies de tubarões e raias analisadas verificou-se que 22 estão inseridas em alguma classificação de ameaça segundo a Lista Vermelha de animais ameaçados da IUCN, sendo cinco classificadas no item “vulnerável”, 11 classificadas “em perigo” e seis como “criticamente ameaçadas”. Dado que as sequências de DNA Barcode obtidas serão disponibilizadas no banco de dados genômicos após a finalização do presente trabalho, considera-se que as informações aqui apresentadas poderão oferecer suporte confiável para futuras pesquisas populacionais e elaboração de estratégias de conservação nesse importante grupo de organismos.