Linguagem, poder e desejo em Acenos e afagos, de João Gilberto Noll

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Souza, Marcus Vinicius Camargo e
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/250444
Resumo: A fortuna crítica em torno da obra de João Gilberto Noll caracterizou seu projeto estético como um trabalho da relação do sujeito consigo mesmo, com o outro e a cidade, sobre o esvaziamento da experiência e a profanação do sagrado, na forma da religião, da normatividade e até mesmo da linguagem enquanto norma. Sua obra é compreendida como uma representação da linguagem neobarroca e como uma ruptura do conceito de romance tradicional, além de trabalhar temáticas como a memória e a sexualidade. Esta tese tem como objeto de estudo a obra Acenos e afagos (2008), décimo segundo e penúltimo romance do escritor gaúcho, e buscou-se demonstrar o roteiro do desejo de seu narrador ao lidar com a linguagem e o poder emanado através dele. Acenos e afagos aprofunda a maneira como o autor lida com a linguagem barroca, ao utilizar a erotização da palavra, e extrapola o conceito do romance de formação e da epopeia por meio do corpo do próprio narrador. O trabalho com a rememoração tem seu uso ressignificado no romance, se comparado às outras obras do escritor, pois torna-se parte constitutiva do desejo desse narrador. A sexualidade, devido à forma diferenciada de lidar com o passado, é explorada pelo narrador a partir da metamorfose de seu corpo, de um homem em busca do caminho da normatividade em uma mulher submissa ao desejo do grande amor de sua vida, o personagem chamado de engenheiro. Ao mesmo tempo, o narrador busca formas inéditas de satisfazer o seu desejo polimorficamente perverso. A principal rota do desejo está em torno da forma ambígua utilizada pelo narrador para lidar com o poder performativo emanado da normatividade em relação ao significado do gênero. Essa perversão da norma sexual é desenvolvida no romance pela metáfora da vulva perfurante, uma genitália inédita e de dupla função criada pela linguagem e capaz de expressar a ruptura dos contextos dos performativos de gênero e afirmar a indeterminação como forma de expressão do narrador de Acenos e afagos.